
Embora tivesse atingido um clímax ao longo do ano de 1975, a descolonização portuguesa durou de Dezembro de 1961 até Dezembro de 1999. Seleccionei para este
poste oito fotografias que dispus cronologicamente, cada uma respeitante a um dos territórios que estiveram sob tutela portuguesa e que dela se desligaram durante esses 38 anos.

A descolonização portuguesa começou...
contrariada. A primeira fotografia, data de 19 de Dezembro de 1961 e é de uma cerimónia de uma rendição militar, a do
General Vassalo e Silva (ao centro, sentado), o Governador e Comandante-Chefe do contingente militar encarregado de uma defesa desesperada do
Estado Português da Índia.

Continuou
contrariada. A fotografia seguinte, datada de 24 de Setembro de 1973, peca pela ausência das autoridades portuguesas na cerimónia da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau realizada
algures (note-se o ambiente
camuflado que rodeia a cerimónia…)
em território guineense (...), ao arrepio das autoridades coloniais.

Depois veio
o 25 de Abril de 1974 e o reconhecimento das colónias à autodeterminação. Mas nem mesmo a
solidariedade ideológica podia apagar o azedume que
as guerras de libertação haviam criado. Em Moçambique, a 25 de Junho de 1975, a presença do 1º Ministro português
Vasco Gonçalves é
abafada pelo enorme retrato de
Samora Machel.

Pormenores significativos podem distinguir aqueles territórios onde houve luta armada e onde não a houve. Ao içar a nova bandeira de Cabo Verde, a 5 de Julho de 1975, note-se como as Forças Armadas
Revolucionárias do novo país continuam, apesar do epíteto, armadas com a mesma
espingarda automática G-3 do período colonial…

Países insulares, povoados depois da chegada dos portugueses como o caso anterior e o de São Tomé e Príncipe, vêm-se quase na obrigatoriedade de renegar esse seu passado colonial para a cerimónia de independência (12 de Julho de 1975), apeando a estátua do descobridor português
Pêro Escobar, para depois
não terem ninguém por quem o substituir…

Totalmente ao contrário do que acontecera na Guiné, a cerimónia culminante da descolonização de Angola, a 10 de Novembro de 1975, foi no Salão Nobre do Palácio do Governo em Luanda, mas só contou com a presença dos portugueses. O
Alto-Comissário Leonel Cardoso atirou, como se fosse
confetti, uma soberania popular que estava
a ser disputada pelas armas…

Mais complicado ainda, sem portugueses, sem timorenses e sem cerimónia, é o episódio que assinala a
descolonização portuguesa em Timor, a 7 de Dezembro de 1975. Perante o que lhe parecia um vácuo de poder e com
a anuência norte-americana,
as tropas indonésias invadiram-no. Seguir-se-iam mais
24 anos de colonialismo, mas indonésio.

Tão cheio de incidentes, esta
gesta descolonizadora de Portugal merecia ser rematada com uma cerimónia adequada, preparada de antemão com pompa e circunstância, para o último (e menor) território do outrora extenso Império Colonial. Aconteceu com
Macau a 20 de Dezembro de 1999, quando da sua transferência para a administração chinesa.
Temos que concordar que a última correu bem...
ResponderEliminarNão só concordo com o impaciente como acredito que estivemos melhor que os britânicos.
ResponderEliminarEste não conseguiram disfarçar a sua revolta.
E conseguimos que as forças armadas chinesas não ocupassem um território que já era seu, apnas estva sob soberania lusitana.
O Jorge Sampaio esteve bastante bem neste aspecto - isto segundo o meu entendimento das coisas.
Manda a justiça que se reconheça que a descolonização de Macau correu bem. Manda a objectividade que se reconheça que tudo o que seria importante discutir a respeito da transferência de soberania havia sido discutido e acordado previamente para o caso de Hong Kong.
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