24 janeiro 2007

FERDINAND FOCH

Sentimento… isso não existe. É como optimismo, são palavras… Temos meios e é preciso pô-los em acção. Não somos mais estúpidos do que os outros. Porque não seremos igualmente bem sucedidos? Melhor, devemos procurar utilizar os nossos meios. Encontramo-los. Se não os encontrarmos, é porque procurámos mal. É preciso procurar melhor, que encontraremos; encontraremos sempre se nos esforçarmos por isso. Se isso não acontecer, é porque nos enganámos. É preciso procurar outra coisa. Nada se consegue encontrar sem dificuldade. Só se é bem sucedido agindo… A confiança? Isso tira a força! E depois fica-se sem nada. Se utilizarmos os nossos meios, eles não se perdem. Indagamos o motivo por que não resultaram, trabalhamo-los novamente, empregamo-los de outra maneira. É o que existe.

Este é um monólogo discursivo de Ferdinand Foch, recolhido - e provavelmente retocado - por um oficial do seu estado-maior mas que, mesmo assim, nos dá uma imagem muito precisa e muito interessante da sua personalidade e da sua forma de trabalhar as questões.

Ferdinand Foch, entre outras funções que desempenhou durante a Guerra, tornou-se o Generalíssimo, comandante de todas as forças aliadas* na Frente Ocidental em Março de 1918, cargo que ocupou até ao fim da Primeira Guerra Mundial, ocorrido em Novembro desse mesmo ano. No altar dos ícones militares da vitória aliada, ficou a pertencer-lhe o lugar principal: além de Marechal de França, também britânicos e polacos lhe conferiram essa distinção suprema de Marechal.

Dá que pensar como é que o inexorável desgaste dos resultados da guerra e das intrigas políticas, que desbastaram o Alto Comando francês durante os três anos e meio de guerra que precederam o apontamento de Foch, conduziu à ascensão hierárquica de uma pessoa que apenas prescreve método e perseverança como solução para a vitória final, num país que, desde Napoleão, sempre andara à procura doutros génios entre as suas chefias militares.
De facto, como que à imagem e semelhança das trincheiras cheias de lama, ratos, piolhos e corpos em putrefacção desenterrados acidentalmente pela artilharia inimiga, que acabaram por se tornar uma das suas imagens de marca, a Primeira Guerra Mundial parece ter sido uma guerra bisonha, onde se dispensaram os rasgos de audácia, imaginação e génio em prol de outras virtudes, como as de cerrar os dentes e resistir. Como no jogo de damas, mais do que vencer o inimigo directamente, a solução consistia em ficar à espera que o inimigo cometesse os erros que o levassem à derrota.

Como um bom corredor de fundo do atletismo, Foch é um excelente exemplo do chefe militar que era necessário para estas circunstâncias, daqueles que compensasse com uma enorme capacidade de resistência, a sua evidente falta de velocidade

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