01 agosto 2006

A BANHADA

Não tenho os trabalhadores das autarquias em especial apreço. Mas, como acontece em muitos outros casos em Portugal, aquilo de que podem ser acusados é uma parcela da imagem social mais vasta do país. E não gosto que me tentem dar a volta e manipular números com a intenção de provocar e direccionar as indignações da opinião pública.

Ontem, um estudo muito publicitado anunciava que os trabalhadores das autarquias faltavam, em média, 22 dias por ano, o que corresponde a um mês de trabalho. Impressionado, fui espremer a notícia, à procura de outros dados que me pudessem fornecer outros números para referência.

Além de descobrir que os dados se referiam ao ano de 2002, o que até é acessório, suspeitando eu que não houve evoluções significativas, uma pequena nota explicava que o absentismo daqueles trabalhadores era 37,5% superior ao dos do sector privado no mesmo ano.

Descodificando: os trabalhadores do propaladamente mais dinâmico sector privado faltaram, em média, nesse mesmo ano de 2002, 16 dias. Um valor que apresentado num pequeno gráfico qualquer, comparativo dos absentismos médios daqueles dois sectores, o reduziria à verdadeira proporção daquilo que representa.

Tantos foram os órgãos de comunicação que veicularam a notícia, e não houve ninguém entre os profissionais do sector que se lembrasse de fazer esta simples análise cruzada? Pelos vistos, o problema geral não é apenas de absentismo mas também o de saber as competências daqueles que comparecem no local de trabalho…

2 comentários:

  1. Ora seja bem regressado!

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  2. Isto são dados que não se divulgam!!!
    Ainda vai aparecer algum brilhante político a propor a privatização das autarquias, para ganhar 6 dias por ano, o que, multiplicado pelo número de funcionários envolvidos e a poupança daí resultante, lhe daria direito à reforma, por antecipação de ganhos!!!
    Cuidado!

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