28 de Abril de 1939. Dia do 50º aniversário de Salazar, à época presidente do Conselho de Ministros e acumulando esse cargo com as pastas das Finanças, da Guerra e dos Negócios Estrangeiros. Não se pode dizer que, perante o mundo em perigo, o ditador delegasse responsabilidades. Numa das páginas interiores do Diário de Lisboa desse dia, aparece a notícia acima, evocando o aniversário, ocupando um quarto de página. O contraste era patente com o espaço que fora dispensado pelo mesmo jornal oito dias antes por ocasião do mesmo 50º aniversário, mas do Fuehrer alemão, Adolf Hitler. Mas não seria apenas a estudada modéstia de Salazar a responsável por uma assim tão discreta proclamação de simpatia por aquele que assumira a condução da Revolução Nacional. A responsabilidade era, por estranha coincidência, do mesmo Adolf Hitler que pronunciara naquele dia um discurso ferrabrás a que o Diário de Lisboa dedicara três do total das oito páginas de que constava a edição daquele dia (Sexta Feira).
A leitura dos cabeçalhos faz-nos perceber quanto o estilo de Adolf Hitler era muito próprio, ousado, intimidatório e provocador, hoje empregar-se-ia talvez o qualificativo de «bullying». Muitos autores reencenaram este período, especulando por outros desfechos, mas revisitando os jornais da época, como aqui se tem vindo a fazer, é difícil perceber como teria sido possível evitar a Segunda Guerra Mundial.
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