21 abril 2019

A IRLANDA DO NORTE À BEIRA DA GUERRA CIVIL

21 de Abril de 1969. A Irlanda do Norte era dada como estando «à beira da guerra civil». Na semana anterior, a causa dos católicos recebera um poderoso impulso moral por causa da vitória de uma jovem radical de 22 anos chamada Bernardette Devlin na eleição intercalar do círculo de Mid-Ulster, que fora até aí ocupado por um deputado unionista protestante. Fora uma eleição renhidamente disputada com a participação de mais de 91,5% dos eleitores registados*. Bernardette Devlin tornava-se a mais jovem deputada eleita para o Parlamento Britânico, e a sua figura mostrava ter um grande potencial para que ela se transformasse num ícone da causa nacionalista católica irlandesa e da defesa dos direitos civis da comunidade católica da Irlanda do Norte. Como reacção a uma situação política muito tensa e como noticiava o jornal «Tropas britânicas encontravam-se hoje de prevenção para guardar instalações importantes na Irlanda do Norte, após 36 horas de desordens em que mais de 250 pessoas ficaram feridas. Nove dos postos de correio de Belfast, atacados com bombas de gasolina, encontravam-se ainda a arder às primeiras horas da manhã de hoje, e aumentavam os receios nesta cidade de que se registassem mais desordens durante o dia.» A convocação dos militares não pôs fim à crise. Devlin não se tornou na nova Pasionaria da causa nacionalista irlandesa, culpa talvez do seu radicalismo. Mas o titulo da notícia anuncia-se profético porque a Irlanda do Norte iria entrar, a partir de Agosto daquele ano, numa verdadeira guerra civil. As imagens dos anos que se seguiram (estas abaixo são de quatro anos depois, em Abril de 1973), mostram um ambiente de país em que os habitantes dos bairros católicos parecem estar sob ocupação estrangeira.
* Em Portugal só houve uma taxa de participação semelhante nas eleições de 25 de Abril de 1975.

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