Um dos aspectos que deu grande consistência à Aliança Franco-Russa (1892-1917) foi o fluxo de capitais com que a França financiou o Império russo enquanto ela durou. A Rússia precisava de capital estrangeiro e a França tinha-o em excesso. Exemplos documentais desses fluxos que serviam até para consolidar os interesses dos dois aliados são estas obrigações acima, remuneradas a 3% e emitidas em 1896 ou então, já depois da eclosão da Primeira Guerra Mundial, estes títulos de guerra que pagavam uns mais aliciante 5,5%, emitidos em 1916. Porém, pouco depois vieram as duas revoluções russas de 1917 com a famosa declaração dos bolcheviques em Dezembro desse ano que não honrariam os compromissos financeiros que tinha sido contraídos pelo governo imperial…
Os lesados com a decisão não foram apenas os capitalistas e as instituições bancárias: Uma promoção ditada por razões políticas fizera com que, durante décadas, mais de um milhão e meio de particulares franceses houvesse subscrito títulos da dívida russa de diversas naturezas. Porém, apesar de intensas campanhas de imprensa em França clamando por indemnizações (abaixo, um jornal de Junho de 1927 a esse respeito) os soviéticos nunca se mostraram disponíveis para resolver a questão, com os títulos remetidos para um papel de antiguidade decorativa (acima). Foi só depois da dissolução da União Soviética, quando a Rússia quis entrar nos mercados, que esta e a França tentaram chegar a um acordo para indemnização dos 316.000 detentores de títulos russos ainda existentes (1998).
Tratando-se de uma história do passado, a descrição destes investimentos em papel no estrangeiro que perdem o seu valor é simultaneamente actual…
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