02 março 2010

IMORALIDADES…

A Cidade Fantasma é uma aventura de Lucky Luke de 1963 (acima¹) onde, a par do nosso herói, Goscinny promove a aparição de três protagonistas inesquecíveis: Powell, o velho pesquisador de ouro que ainda acredita que há ouro na mina e último residente na tal cidade fantasma e uma parelha de escroques tão ridículos que se chegam a tornar simpáticos (Denver Miles e Colorado Bill), que pretendem comprar a mina do velho para depois a usar em mais dos seus esquemas vígaros.
O toque genial de Goscinny aparece numa cena (acima) em que os dois aldrabões abordam o velho Powell de dinheiro na mão para lhe comprar a mina e são rechaçados a tiro – que acerta nas notas que Denver Miles empunhava. E é aí que Miles, mesmo sendo um escroque consumado, mostra ser alguém com princípios admoestando Powell: - Você é doido! Não se dão tiros no dinheiro! É imoral! Confirmando a sua opinião (abaixo), a reacção popular à sua história é idêntica…
O caso das notas é ridículo mas na nossa sociedade moderna há várias situações equivalentes que desencadeiam indignações tão excessivas em que as tratamos quase como se de blasfémias se tratassem mas sem perceber porquê. Por exemplo, dominar a bola com a mão numa jogada crucial de futebol (abaixo, o recente França – Irlanda…) despertará reacções mais apaixonadas que as que ouviremos a respeito de jogadas em que se partem as tíbias e/ou os perónios aos adversários…

Parafraseando Denver Miles, conclui-se que dominar a bola com a mão antes de marcar um golo é imoral. Mas haverá imoralidades para todos os gostos. Na capa de um jornal diário de hoje pode ler-se (abaixo): FACEBOOK OS GRUPOS QUE ODEIAM TUDO: A EMEL, OS TÁXIS E ATÉ OS GATO FEDORENTO. O importante naquele título é o retoque final até os Gato Fedorento, como se a EMEL e os táxis pudessem ser objecto da nossa antipatia mas não os Gato Fedorento. Isso seria imoral
¹ Esta versão portuguesa data de 1975.

3 comentários:

  1. Também já não tenho paciência para os "gatos": além de imoral, serei normal?

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  2. É normal, impaciente, assim como seria normal, depois de os anos passarem e eles não evoluírem, ter-se começado a dar aulas de representação pelo menos ao Miguel Góis e ao Tiago Dores para não se transformarem, em termos de representação, numa espécie de "Tozés Martinhos das piadas"...

    i moralidade a sério é num outro título daquele mesmo jornal, como a Maria do Sol assinalou hoje no seu blogue...

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