31 julho 2009

DO DIREITO DE QUEM VOA AO DIREITO DE QUEM RECEBE

Há precisamente 40 anos, ao longo do ano de 1969, a moda do sequestro e desvio de aviões atingiu o seu zénite, com um total de 82 sequestros registados durante aquele ano – uma média de quase 7 por mês! Foi uma época onde também se batiam recordes, como o do candidato a pirata do ar mais novo de sempre: David Booth (acima) tinha então apenas 14 anos quando tentou desviar um DC-9 da Delta Airlines que se preparava para descolar do aeroporto de Cincinnati. Enfim um incidente suficientemente absurdo para nos fazer lembrar aquele famoso trecho do monólogo sobre o aborto de Ricardo Araújo Pereira: Vou ao cinema. Está esgotado? Então vou sequestrar um avião!...
Depois dessa época áurea, os procedimentos de segurança antes de um embarque foram-se tornando cada vez mais exigentes até se ter chegado aos actuais a que temos de nos submeter... Um frete! Quanto aos nossos direitos, quando embarcamos num voo comercial, parece que os perdemos todos, mesmo os mais elementares, como aquele que fala da presunção da inocência. Simplesmente parecem não existir: não há sorriso nem atestado de bom comportamento criminal passado por quem seja que nos faça evitar ter de passar por entre aquela maldita porta de metal (acima) e… mal de nós se ela desatar a apitar… Se assim for iremos ser apalpados, revistados, despidos, enfim, um sem número de torturas…
Bem podemos troçar de todos aqueles embirrantes procedimentos de segurança (acima) mas, de uma forma honesta e pragmática, há que reconhecer que, por detrás de todos eles existem justificações de ordem técnica e como objectivo para todos eles estará a prioridade da segurança de todos a bordo do avião. Ora esta verificação meticulosa de quem pretende viajar de avião não se distingue assim tanto das orientações científicas que estão associadas ao processo de qualificação dos potenciais dadores de sangue. Também neste segundo caso podemos troçar dos seus aspectos mais caricatos mas, global e substancialmente, há que reconhecer que se trata do melhor método para assegurar o melhor para a colectividade...
Depois de uma bolha noticiosa há uma semana atrás, que depressa rebentou em nada, este assunto dos critérios de doação de sangue vê-se transformado de novo, com a ajuda de uma entrevistaa questão do momento (sic), mas torna-se espantoso como aqueles que o abordam como activistas de causa conseguem argumentar tão abundantemente a seu respeito, ao mesmo tempo que evitam cuidadosamente aflorar sequer a essência científica do assunto que pretendem pôr em causa…

4 comentários:

  1. Pois é evidente que o Presidente do IPS tem toda a razão.
    Seria bom que quem o atacou - ou exigiu a sua demissão - assumisse o aumento de risco para os receptores de sangue.

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  2. Esta sociedade de mercados

    parece não ter limites

    e as pessoas

    cada vez mais mercadorias

    quase não podem protestar

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  3. E até mesmo os protestos

    Desta sociedade de mercados

    São cada vez mais mercadorias

    ...protestadoras

    Olhe-se para a marca da embalagem

    que envolve Mário Nogueira

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