
António Esteves Martins, pela RTP, e Fernando de Sousa, pela SIC, acabam por funcionar como uma espécie de irmãos Dupondt (não estivéssemos nós na Bélgica, terra de origem do Tintin) na forma como se prestam a servir de transmissores acríticos do que os órgãos comunitários entendem por relevante que a comunicação social transmita.
A semelhança de estilo dos dois é tal que até já cheguei a pensar que esse fosse o perfil requerido pelos Serviços de Imprensa comunitários em Bruxelas para fornecer creditações a correspondentes, até ter visto em televisões estrangeiras repórteres atirarem perguntas aos seus ministros à entrada ou à saída de conselhos nada conformes ao espírito concordante que domina nas televisões portuguesas.
Desnecessário dizer que não sou um fã particularmente interessado e atento dos despachos enviados de Bruxelas por aqueles dois correspondentes. Se deles me lembrei foi a propósito do artigo de Teresa de Sousa no Público de terça-feira, dia 20 (p.6), com o título: “A Europa dos projectos? Quais projectos?”
Para além da desilusão contida no artigo (que se depreende logo do título), lembrei-me de não me recordar de ter visto, como seria costume, os nossos dois correspondentes a transmitirem-nos canonicamente aquilo que os serviços de imprensa queriam que nós acreditássemos sobre o que se havia passado durante a recente Cimeira Europeia.
À priori, poderia ter sido o Mundial de futebol a abafar os interessantes comunicados da praxe. Ao ler o texto de Teresa de Sousa mudei de opinião: a Cimeira deve ter sido tão chocha e tão sem falta de assunto, que nem sobrou assunto para que, mesmo com o correspondente mais conformista e cordato, se conseguisse produzir uma reportagem de jeito...
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