01 março 2021

O RECENSEAMENTO NA JUGOSLÁVIA

1 de Março de 1971. Num artigo originário do jornal parisiense Le Monde (mas assinado por um autor com um apelido de nítida ressonância sérvia - Yankovic), podiam ler-se os complexos problemas que se levantavam por causa da realização do próximo recenseamento na Jugoslávia. «Contrariamente ao que, em geral, se pensa no estrangeiro, a Jugoslávia socialista e federal não é o país dos jugoslavos. (...) Dentro do país (e a lei é precisa a esse respeito) pertence quer a um dos povos de uma República Federal, quer a uma das minorias nacionais... ou então não tem nacionalidade.» Os povos, prosseguia, eram seis («sérvios, croatas, eslovenos, macedónios, montenegrinos e muçulmanos») e as minorias nacionais eram «numerosas» («albaneses, húngaros, eslovacos, turcos, italianos, romenos, checos , búlgaros, etc»). O artigo prolongava-se e ia acabar numa outra página mais adiante. Era um daqueles artigos só mesmo para interessados por minudências da composição étnica de países estrangeiros. Era assim que há cinquenta anos era considerada a heterogeneidade da Jugoslávia de Tito: um detalhe da ordem internacional. Vinte anos depois, quando as circunstâncias envolventes se alteraram e acabou a Guerra Fria, deu para perceber que não era bem assim: o problema havia estado apenas dormente.

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