26 março 2021

AINDA AS VACINAS, A UNIÃO EUROPEIA E O PLURALISMO DE OPINIÕES DE QUE PODEMOS DISPOR PARA AVALIAR A SITUAÇÃO

É mais uma vez motivo de reflexão quanto à equidade como dispomos da informação, o facto de o antigo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ter prestado declarações públicas onde criticava a actuação da sucessora e da sua Comissão quanto ao seu desempenho a respeito da vacinação contra a covid, e a ressonância das suas opiniões foi, entre nós, quase nula: até à altura em que escrevo, um dia depois, só o Jornal Económico (entre a imprensa escrita) o havia noticiado (abaixo). É, no mínimo, estranho. Não apenas o fenómeno de, no caso, quase ninguém parecer interessado nas opiniões daquele que foi o antecessor imediato de Ursula von der Leyen, como também é muito interessante constatar-se que, afinal, existem críticas severas à conduta da Comissão actual por causa do assunto da vacinação. Há divergências de opinião naquela burocracia interna da União Europeia! Para mais quando vindas da parte de quem conhece os mecanismos internos do Berlaymont com propriedade, como será o caso indiscutível de Juncker. Mais do que isso, e como se sublinha abaixo, quando a conversa descamba para o pedido da cabeça da actual presidente da Comissão, o luxemburguês é célere em desculpá-la com um assumido princípio corporativo de desculpabilização dos burocratas: «Não são falhas da Comissão. Essas são falhas dos Estados membros no total...»
Apesar das minhas simpatias por ter tido a sua opinião descaradamente abafada, é-me impossível concordar com esta última opinião de Jean-Claude Juncker. Se bem me recordo, já em Outubro do ano passado, a Comissão Europeia apresentou a sua «estratégia de vacinação para a pandemia» em que - e aí os cabeçalhos da notícia apareciam em todos os jornais... - se garantiam «vacinas a todos os Estados membros». Permitam-me recordar alguns títulos que foram publicados naquela altura e que eram inequívocos em reclamar todos os louros para Bruxelas: 

Os resultados de tanta magnificência concretizam-se nos resultados exibidos pelo gráfico acima... São tão flagrantes que creio que o gráfico nem quase precisa ser explicado... - as quatro linhas de baixo são as dos quatro maiores países da União Europeia. As duas de cima são as do Reino Unido e dos Estados Unidos. E não viria a despropósito, a atender ao tom dos títulos que lemos mais acima escrever desta vez: Grande Fiasco! Bruxelas só está a fazer merda!?

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