17 abril 2018

PORQUE É QUE HÁ CERTAS COMPARAÇÕES INTERNACIONAIS DE QUE NÃO SE FALA?

Como se pode ver abaixo, o assunto do aumento gradual da carga com os impostos é recorrente. O Expresso mencionou-o em 2014 (naturalmente referente ao ano de 2013), a TSF voltou a ele em 2016 (sobre 2015) e agora em 2018, já com a Geringonça em funções, passou a ser o Observador a elegê-lo, com o notável retoque político do tema ter sido abordado pelo seu publisher. Os títulos coincidem - nunca pagámos tantos impostos. Pagar impostos nunca foi popular e pagá-los estará a ser uma coisa progressivamente cada vez mais horrível. Mas será que isso torna os portugueses em contribuintes tão mais espremidos quando comparados com os restantes parceiros europeus?...
É curioso como se afirmem coisas sem que, no caso, se proceda àquelas comparações que só noto que se costumam empregar - coincidência ou não - quando é para dar Portugal a pertencer à cauda da Europa... Socorramo-nos de uma lista precisamente a esse respeito que está disponível na wikipedia, e corrobora-se que Portugal até aparece nela com a carga fiscal que é referida acima por José Manuel Fernandes, «a mais elevada dos últimos 22 anos»: 37,0% do PIB. E isso é uma carga pesadíssima quando comparada com a carga fiscal da Espanha (37,3%)? E da Grécia (39,0%)? E da Itália (43,5%)? Ou ainda da França (47,9%)? Dos países nórdicos é melhor nem falar, todos rondando ou ultrapassando os 50%. E quanto à Alemanha, que se tornou a referência do que na União Europeia se deve fazer, a carga fiscal é de... 44,5%. Na verdade, nessa lista, a que os jornalistas das parangonas acima se dispensaram de recorrer, Portugal aparece no meio da tabela (como se comprova abaixo), o que, se explicado, atenuaria o catastrofismo da coisa. Torna-se, por isso, informação irrelevante, que relativizaria aquilo que se pretende que o leitor deve pensar. Ou, dito de outro modo, aquilo que é enfatizado é falso, apesar de ser estritamente verdadeiro. Note-se que coisa outra será questionar se é proporcional aquilo que se obtém do Estado dos 37,0% que se colectam em impostos, mas isso é uma discussão - política - para a qual, pelo acima exposto, não reconheço a jornalistas como José Manuel Fernandes a honestidade intelectual para a travar a sério. Aquilo ali em cima é apenas «tiro ao Centeno.»

Sem comentários:

Enviar um comentário