30 abril 2018

AS GRÃ-DUQUESAS

Nesta fotografia aparecem as quatro filhas de Nicolau II. Da esquerda para a direita: Maria (n. 1899), Olga (n. 1895), Anastásia (n. 1901) e Tatiana (n. 1897). Tomando em consideração as datas de nascimento e a aparência das grã-duquesas é possível datar a fotografia entre 1912 e 1914, os anos que precederam a Primeira Guerra Mundial, guerra de que nenhuma delas virá a conhecer o desfecho. A cor da fotografia foi adicionada posteriormente e o resultado é positivo, aproxima estranhamente as fotografadas do observador, até nos torna mesmo compreensivos para a contrariedade que todas elas exibem, de pose forçada para a fotografia, no decurso de um passeio de barco que seria supostamente para as divertir. Que destino estaria destinado às grã-duquesas se lhes tivesse sido possível sobreviver? Mais de noventa anos depois desta fotografia, a 30 de Abril de 2008 (cumprem-se hoje dez anos), os testes de DNA realizados em dois cadáveres recém encontrados em Yekaterimburgo comprovavam que se tratava dos restos mortais em falta do filho e da última filha do czar. Toda a família real havia sido encontrada e toda ela havia sido assassinada por ordem de Lenine em 17 de Julho de 1918. Ao mesmo tempo, terminava uma fábula que se perpetuou por décadas, a que pretendia que uma das grã-duquesas (Anastásia) havia sobrevivido milagrosamente, onde o único mistério é a razão para que a fábula se tivesse sustentado durante tanto tempo, tais as evidências. Quanto à pergunta sobre qual teria sido o destino hipotético das grã-duquesas, tivesse-as Lenine deixado sobreviver, um exemplo inspirador será o das biografias das suas duas tias maternas, também elas grã-duquesas porque filhas de czar, Xenia (1875-1960) e Olga (1882-1960). Sobreviveram ambas à Primeira e viveram também a Segunda Guerra Mundiais. Quem acompanhe os seus percursos constata como é difícil adivinhá-las a corporizar projectos políticos revanchistas na Rússia, assim como o seria decerto com as quatro sobrinhas, e tudo isso apenas torna mais imperdoável a crueldade de Lenine.

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