15 abril 2018

OS NOSSOS ASES E OS DELES - A 34ª VITÓRIA DE FONCK

A edição de 15 de Abril de 1918 do Petit Journal dedicava um artigo à guerra aérea, nomeadamente aos aviadores franceses que nela se haviam distinguido em combate, pelo número de aviões inimigos que tinham abatido - os denominados ases. Até meados de 1916, as operações aéreas haviam sido um aspecto muito colateral do conflito, praticamente confinadas ao apoio às operações terrestres, a que se atribuía muito pouca importância. Só a partir dessa época, os combates aéreos ganharam dinâmica e apareceram os primeiros aviadores que se notabilizaram por derrubar aeronaves inimigas. Já aqui evoquei um desses ases pioneiros, o alemão Oswald Boelcke, por ocasião do centenário da sua morte em 28 de Outubro de 1916. No ano e meio que se seguiu, até Abril de 1918, os combates nos ares só aumentaram exponencialmente, não apenas pelo número de meios materiais e humanos envolvidos, como também pela sofisticação crescente dos primeiros e pela popularidade propagandeada dos mais bem sucedidos entre os segundos, como se pode apreciar abaixo.
Convém explicar que esta notícia é publicada num momento em que crescia a reputação de Manfred von Richtoffen, o «Barão Vermelho», o ás dos ases da Luftstreitkräfte que, à data em que a notícia é publicada, contaria já com 78 vitórias. A existência de um «Barão Vermelho» é a razão principal para contrariar a reputação daquele, enfatizando por sua vez o palmarés dos melhores ases franceses. Há um detalhe relevante, mas que era ignorado de todos no dia em que a notícia apareceu: Manfred von Richtoffen virá a ser abatido em combate e morrerá dali por uma semana, a 21 de Abril de 1918... Mas, se se compreende a omissão dos feitos do inimigo, já é mais difícil de explicar a ignorância dos feitos dos aliados. A lista do Petit Journal não inclui um único ás britânico e claro que os havia. Mas este exemplo é significativo de como funcionou a cooperação franco-britânica até quase ao último semestre da Primeira Guerra Mundial. Só no dia anterior ao da publicação deste artigo (14 de Abril de 1918) é que Ferdinand Foch fora promovido a Comandante-Chefe de todas as forças militares aliadas na Frente Ocidental. Até aí e na prática, a mentalidade predominante fora a de co-beligerantes mais do que aliados e muita da ineficácia na coordenação militar entre os aliados se devera a isso. Alguém imagina os desembarques da Normandia com os americanos a desembarcaram por um lado e os britânicos por outro?... Quanto à lista da meia-dúzia de ases franceses (e só franceses!) do Petit Journal elas incluem René Fonck, que acabará a guerra com 75 vitórias, Charles Nungesser (43), Georges Madon (41),  Alfred Heurtaux (21), Gabriel Guérin (23) e Albert Deullin (20).

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