01 abril 2018

HINO À UNIÃO SOVIÉTICA!


Esta cena teve lugar há duas semanas, por ocasião de um jogo internacional de rugby disputado em Colónia entre a selecção alemã e a selecção russa. Convém esclarecer previamente que o actual hino da Rússia tem a mesma música do hino da era soviética, onde apenas a letra foi modificada. Só que, aparentemente, os anfitriões alemães não sabiam disso... e quando da execução inicial dos hinos nos altifalantes do estádio reproduziram uma versão cantada em que a letra era a soviética. A reacção dos jogadores russos em campo parece ser inicialmente cautelosa para se tornar progressivamente mais entusiasmada: por volta dos 55 segundos de vídeo já podemos ver alguns a invocar o Partiya Lenina (Partido de Lenine, i.e. o partido comunista soviético) a plenos pulmões. Enfim, parece-me uma cena que aquece o coração de todos os camaradas ali para as bandas da Soeiro Pereira Gomes! A história do jogo não teve história. O desfecho foi o de um verdadeiro Estalinegrado: os camaradas soviéticos esmagaram as tropas nazis por 57-3 (e nem teve a emoção de Estalinegrado: já estava 33-3 ao intervalo).

O outro aspecto engraçado deste episódio é que, depois dele, e conhecida a reputação vingativa dos russos, concretizada nomeadamente nos recente episódios da expulsão recíproca de diplomatas, já se adivinha os contornos da retaliação. É que o hino alemão também tem o seu calcanhar de Aquiles: só se costuma executar a música e, nos casos raros em que é cantado, emprega-se a terceira estrofe, em vez da letra sobranceira que consta da primeira - «Deutschland, Deutschland über alles, über alles in der Welt...» (Alemanha, Alemanha acima de tudo, acima de tudo no Mundo...). Pois bem: aposto que os russos se vão esquecer desses detalhes quando do próximo jogo de retribuição na Rússia e vai-se assistir a uma surpresa. Porém, verdadeira surpresa, seria os jogadores alemães a reagirem como os soviéticos, cantando as estrofes proibidas, quiçá mesmo esticando o braço numa saudação de todos conhecida... Mas, no que diz respeito ao que importa, a diferença competitiva entre as duas selecções é tal que, com a vantagem de jogar em casa, o desfecho do jogo, em vez da Batalha de Stalinegrado, vai ser a Operação Bragation.

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