25 abril 2018

...MAS NÃO NECESSARIAMENTE PELAS RAZÕES CERTAS

Aqui há duas semanas referi-me no blogue a um episódio caricato que entretinha toda a Espanha: o de uma universidade privada madrilena que produzia títulos académicos à medida e da presidente do governo local madrileno, Cristina Cifuentes de 53 anos e militante destacada do PP, que, nem mesmo assim o conseguiu obter... Para alcançar o seu canudo teve que o falsificar! As duas semanas que se seguiram caracterizaram-se por pressões de todo o género e origem para que Cristina Cifuentes se demitisse do cargo. Que não haviam tido sucesso, até hoje. Quando, subitamente, apareceu um vídeo da segurança de um supermercado em que aparece a mesma a ser revistada e onde se lhe encontram, esquecidos, um par boiões de cremes de rejuvenescimento. O episódio, rapidamente apropriado pelo humor das redes sociais, tivera lugar já há oito anos(!). E, agora sim, as pilhérias sobre o roubo (e sobre o artigo roubado!) terão feito a própria aperceber-se da sanção social que o conhecimento generalizado da sua falsificação do mestrado não havia conseguido.

Constata-se que, ali por Madrid, ser-se ladra caçada no supermercado estará alguns degraus abaixo na escala social do que o estatuto de falsificadora de documentação académica. E é só assim, perante a nova vergonha, que Cristina Cifuentes se demite, depois de resistir, muito para lá da decência, a tudo e a todos. A origem da nova notícia que finalmente derruba a presidente madrilena não será difícil de deduzir, nestes processos em que os podres sobre os rivais se guardam para ser activados nas ocasiões mais convenientes. A ironia final da situação é uma pirueta protagonizada por Pablo Iglésias do Podemos que, situando-se nos antípodas do espectro político em relação a Cristina Cifuentes e ao PP, aparece a condoer-se daquilo que classifica como «a destruição de um ser humano». É o tal género de atitude que, sendo vera, é muito cândida ou então não e é insuportavelmente cínica, Mas vale a pena aprender com estas modas que nos chegam lá de fora: não se surpreendam se Catarina Martins se vier a mostrar solidária com a próxima vítima da guerra interna do PSD...

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