
O autor teórico que está mais associado à apresentação desta tese é o italiano Giulio Douhet (1869-1930), embora ele costume aparecer nos manuais de estratégia consagrados ao poder aéreo acompanhado de dois outros nomes, o do britânico Hugh Trenchard (1873-1956) e o do norte-americano William L. Billy Mitchell (1879-1936), embora estes dois últimos possam ser considerados mais como lobistas desse poder aéreo do que teóricos do mesmo.

Exemplarmente, ao contrário da RAF**, esquece-se quanto as prioridades estabelecidas para o desenvolvimento da Luftwaffe** negligenciaram o bombardeamento. Um bombardeiro alemão típico dessa época (o Heinkel-111, acima) tinha capacidade para 2,5 toneladas de bombas e não havia programas em curso para bombardeiros maiores. Em contrapartida, um bombardeiro homólogo dos seus rivais (como o Avro Lancaster, abaixo) podia transportar 8 toneladas.

Mais do que sobre os teóricos que as preconizaram, foi sobre os comandantes das forças estratégicas de bombardeiros aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, tanto o da RAF** (Arthur Bomber Harris - 1892-1984), como o da USAAF** (Curtis E. Le May - 1906-1990), que veio a recair a publicidade por tentarem comprovar a tese que os bombardeamentos maciços sobre as cidades inimigas destruir-lhes-ia o moral e conduziria à vitória.

Nos primeiros meses de 1945, expedições sucessivas de mais de 500 bombardeiros B-29 destruíram, entre as seis cidades principais do Japão, 50% de Tóquio, 31% de Nagoia, 56% de Kobe, 26% de Osaka, 44% de Yokohama e 32% de Kawasaki. No entanto, a moral japonesa só mostrou sinal de vir a ficar afectada de uma forma inequívoca num dia de Agosto em que apenas um B-29 (abaixo) lançou apenas uma bomba sobre a cidade de Hiroxima e a destruiu em 75%...

Depois disso, com a progressiva sofisticação do equipamento, cada vez mais o bombardeiro estratégico se tornou um luxo de superpotência, como era o caso do gigante B-52 (abaixo), que fora concebido originalmente para aquela Guerra Nuclear que não se devia travar e aproveitado subsidiariamente para comprovar mais um vez o fracasso da tese de Douhet durante a Guerra do Vietname, onde os 7 milhões de toneladas de bombas usadas não tiveram efeitos estratégicos.

Depois de, nos finais do Século XX, os Estados Unidos terem vencido a Guerra-Fria por terem levado os soviéticos à falência com a corrida aos armamentos, será que se aproximam tempos, nestes inícios do Século XXI, em que serão os próprios Estados Unidos a levarem-se a si mesmos à falência, gastando o dinheiro que não têm em armamento que, de tão sofisticado, nem sequer tem inimigo potencial em quem empregá-lo?

** Luftwaffe: Força Aérea alemã. RAF: Força Aérea britânica USAAF: Força Aérea norte-americana.
*** Mais do que a capacidade, era a autonomia (mais de 9.000 km.) e a ausência de bases próximas que tornavam o B-29 adequado para os bombardeamentos ao Japão. O B-17 ou o Lancaster tinham uma autonomia inferior a 3.000 km.