(Republicação)
O verdadeiro fascismo começou a cair ao fim de uma tarde quente de Verão (24 de Julho) de 1943, quando se reuniu num palácio de Roma o Grande Conselho da Revolução Nacional Fascista. E, para começar, aquela reunião era um acontecimento interessante na ordem dos acontecimentos de uma Itália que perfizera recentemente o seu terceiro ano de guerra, precisamente porque havia quatro anos que o Grande Conselho não se reunia.
Mesmo que o Grande Conselho não fosse uma espécie de micro-parlamento onde se aprovassem moções, como Mussolini expressamente precisara quando o criara vinte anos antes, naquele dia, ele e o seu regime caíram por causa da aprovação de uma moção ali votada e aprovada, onde se exigia a restauração imediata de todas as funções do Estado e convidando o chefe do governo – o Duce – a pedir ao rei que assumisse a iniciativa suprema tomando o comando de todas as Forças Armadas.
O documento é mais importante pelo que omite – o prosseguimento da guerra, o papel de Mussolini e do partido fascista na condução dos destinos de Itália ou a aliança com a Alemanha – do que por aquilo que contém. Mas é esta versão de condenação cuidadosa das decisões de Mussolini que serve de detonador às movimentações de um grupo de conspiradores situados à volta do rei. A versão era tão aguada que Mussolini nem se acautelou quanto às consequências...
No dia seguinte, Domingo 25 de Julho, Mussolini até foi trabalhar e chegou a receber o embaixador japonês para uma reunião de trabalho. Só veio a ser preso ao fim da tarde quando se apresentou para uma audiência – pedida por si! - com o rei Vítor Manuel III. Foi ali que ouviu do próprio rei que este já havia entretanto incumbido o general Badoglio de formar um novo governo. O objectivo evidente do novo governo seria o de extrair a Itália da guerra, assinando a paz com os Aliados.
A 8 de Setembro conseguira-o, depois de um mês de promessas solenes de Badoglio aos alemães sobre a solidez da aliança entre os dois países… Quatro dias depois, Mussolini era resgatado pelos mesmos alemães da estância de turismo onde estava detido. Viria a ser constituída, em 23 de Setembro, a República Social Italiana no Norte de Itália, uma versão ridícula de um Estado fascista, completamente na dependência da Alemanha, que pretendia que quase nada se passara naqueles dois meses.
Mas houve ainda tempo para que o fascismo renascido e amparado se desforrasse dalguns daqueles membros do Grande Conselho que, em 24 de Julho, haviam votado favoravelmente a famosa moção que conduzira à destituição do Duce. Julgados num processo relâmpago que durou 48 horas (8 e 9 de Janeiro), os antigos conselheiros Ciano, De Bono, Pareschi, Gottardi e Marinelli foram condenados à morte e fuzilados pelas costas a 11 de Janeiro de 1944, no polígono de tiro do Forte de San Zeno.
Emblemático da incompetência geral que as Forças Armadas italianas mostraram ao longo de toda a Segunda Guerra Mundial, o pelotão de fuzilamento constituído era tão desajeitado que teve de atirar por uma segunda vez sobre as vítimas enquanto estas agonizavam de dor…
Mesmo que o Grande Conselho não fosse uma espécie de micro-parlamento onde se aprovassem moções, como Mussolini expressamente precisara quando o criara vinte anos antes, naquele dia, ele e o seu regime caíram por causa da aprovação de uma moção ali votada e aprovada, onde se exigia a restauração imediata de todas as funções do Estado e convidando o chefe do governo – o Duce – a pedir ao rei que assumisse a iniciativa suprema tomando o comando de todas as Forças Armadas.
O documento é mais importante pelo que omite – o prosseguimento da guerra, o papel de Mussolini e do partido fascista na condução dos destinos de Itália ou a aliança com a Alemanha – do que por aquilo que contém. Mas é esta versão de condenação cuidadosa das decisões de Mussolini que serve de detonador às movimentações de um grupo de conspiradores situados à volta do rei. A versão era tão aguada que Mussolini nem se acautelou quanto às consequências...
No dia seguinte, Domingo 25 de Julho, Mussolini até foi trabalhar e chegou a receber o embaixador japonês para uma reunião de trabalho. Só veio a ser preso ao fim da tarde quando se apresentou para uma audiência – pedida por si! - com o rei Vítor Manuel III. Foi ali que ouviu do próprio rei que este já havia entretanto incumbido o general Badoglio de formar um novo governo. O objectivo evidente do novo governo seria o de extrair a Itália da guerra, assinando a paz com os Aliados.
A 8 de Setembro conseguira-o, depois de um mês de promessas solenes de Badoglio aos alemães sobre a solidez da aliança entre os dois países… Quatro dias depois, Mussolini era resgatado pelos mesmos alemães da estância de turismo onde estava detido. Viria a ser constituída, em 23 de Setembro, a República Social Italiana no Norte de Itália, uma versão ridícula de um Estado fascista, completamente na dependência da Alemanha, que pretendia que quase nada se passara naqueles dois meses.
Mas houve ainda tempo para que o fascismo renascido e amparado se desforrasse dalguns daqueles membros do Grande Conselho que, em 24 de Julho, haviam votado favoravelmente a famosa moção que conduzira à destituição do Duce. Julgados num processo relâmpago que durou 48 horas (8 e 9 de Janeiro), os antigos conselheiros Ciano, De Bono, Pareschi, Gottardi e Marinelli foram condenados à morte e fuzilados pelas costas a 11 de Janeiro de 1944, no polígono de tiro do Forte de San Zeno.
Emblemático da incompetência geral que as Forças Armadas italianas mostraram ao longo de toda a Segunda Guerra Mundial, o pelotão de fuzilamento constituído era tão desajeitado que teve de atirar por uma segunda vez sobre as vítimas enquanto estas agonizavam de dor…
Vou escrever-lhe um post relacionado com este no corta-fitas. ;) Abraço
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