18 abril 2008

OS ISOLACIONISTAS DO TEMPO DA GUERRA-FRIA

Este poste serve apenas para recordar como as constantes ideológicas dos tempos da Guerra-Fria nem sempre foram tão nítidas quanto hoje as recordamos. Em 1964, o académico norte-americano Ronald Steel (abaixo) escrevia um livro com algum impacto intitulado “O Fim da Aliança*, cujo conteúdo se podia sintetizar numa pergunta provocadora (Para que serve actualmente a NATO?) e numa resposta do mesmo cariz: para nada.
A estrutura da argumentação - seriamente fundamentada - então usada por Steel estava muito próxima daquele conservadorismo isolacionista que tem sido sempre uma constante do pensamento estratégico norte-americano, e implicava que a Aliança Atlântica, então com uns 15 anos de existência, se estava a tornar prejudicial para os aliados europeus e perigosa para os Estados Unidos. Parecia preferível que cada um seguisse o seu caminho.
Para Steel havia várias razões para essa conclusão. Por um lado, os Estados Unidos arriscavam muito mais a partir do momento em que os mísseis nucleares soviéticos poderiam atingir cidades suas na sequência de conflitos nascidos na Europa. Por outro, citando-o, os Estados Unidos não falavam mais por todo o Ocidente. Em vez de uma voz firme, há agora uma cacofonia de potências que querem ser todas ouvidas...
Há uma certa tendência para actualmente se fazer uma síntese histórica simplificada, em que se confunde uma certa continuidade que se registou na política externa das Administrações norte-americanas no que diz respeito às relações transatlânticas (1945-90), com a heterogeneidade da produção intelectual nesse período. A novidade destes anos W. Bush não é o aparecimento dos neo-conservadores, é a sua ocupação da Casa Branca…

* The End of Alliance

2 comentários:

  1. A Nato, pelo menos por aqui, serviu para evitar males maiores.

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  2. Se os isolacionistas tivessem vingado teria havido a guerra do Golfo e a do Iraque?

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