24 abril 2006

O SÍNDROMA GORBACHEV

Mikhail Gorbachev é um político e um estadista respeitado em todo o mundo como o maior responsável pelo fim da Guerra-Fria. Pouco importará especular se era isso mesmo o que ele desejava, ou se estava apenas a tentar reformar o que era irreformável, a verdade é que entre o coro mundial de aprovações há apenas uma excepção: o seu próprio país, a Rússia, onde todas as sondagens mostram que Gorbachev é detestado.

O Expresso de há uma semana atrás também demonstrava que o grau de simpatia de que gozava José Ribeiro e Castro era muito superior ao que gozava Paulo Portas nos seus tempos de dirigente partidário. Mas a questão é outra, porque as disputas que Ribeiro e Castro tem pela frente são de âmbito doméstico, onde a simpatia granjeada junto da sociedade em geral de pouco lhe vale.

Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para lhe inocular uma das suas ferroadas venenosas em que é especialista, ao descrevê-lo como um convidado de fora num colóquio promovido pela Juventude do partido que dirige. A descrição acaba até por não surpreender muito porque, ao fim e ao cabo, poucos serão os que se arriscarão a compreender em que é que consiste o CDS/PP actual.

Como aquelas criaturas que vão mudando o exosqueleto enquanto crescem, o CDS/PP teve-os vários, de diferentes tonalidades, enquanto encolhia. E permanece a dúvida, em que formato e com que coloração poderá render mais votos. E aqui, tenho as minhas sinceras dúvidas que todo o capital de simpatia de Ribeiro e Castro se consubstancie em votos nas urnas.

O que deixa Ribeiro e Castro numa situação parecida, mas menos exagerada, com a de Gorbachev, que ganharia a brincar as presidenciais russas, se o eleitorado fosse mundial, mas que mal chegaria aos 5%, se fossem só os russos a votar.

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