
As vítimas são as triviais caixas de correio do humilde cidadão que, para além do vulgar correio ordinário – o registado tem que se ir buscar normalmente à estação – estão sujeitas ao bombardeamento sucessivo e consecutivo de prospectos, promoções, participações, pseudo jornais, boletim municipais, folhetos de campanha eleitoral e um sem fim de outros adereços que as entopem até sufocar.
Há já quem tenha feito um inventário, ao fim de um ano, de toda a … que lhe foi despejada ranhura abaixo. Eu, que li o artigo e não gostei da descrição, tenho um daqueles autocolantes que pedem, com muito bons modos, para não porem ali lixo: “Publicidade não endereçada: aqui não obrigado!”
O truque consiste em fazer a distribuição recorrendo a analfabetos funcionais, pouco sensíveis a cortesias, ou então a contra argumentar que o que estão a distribuir não é publicidade, mas sim um jornal (que não estou interessado e nunca pedi para ler): A Dica da Semana.
Tenho sob esse aspecto a postura muito conservadora de que compete ao consumidor informar-se sobre o que lhe interessa consumir. Tenho uma relutância imediata a quem me aborda pessoalmente, por telefone ou por escrito, alertando-me para uma promoção que me deve interessar, de certeza, mas que eu desconhecia.
Não concebendo o mundo como um sítio intrinsecamente mau, acho razoável desconfiar de tanto altruísmo e de tanta preocupação com a minha pessoa. Que é que eles podem saber mais das minhas necessidades que eu não saiba?
Permanece e permanecerá para mim sempre um mistério aquela pessoa que, assistindo a um TV Shop, descobriu, subitamente, a necessidade daquele aspirador-que-descaroça-mangas-e-também-trata-das-unhas-dos-pés. E eles existem, de certeza, senão os programas não iam para o ar…
Mais uma sugestão apenas: porque não obrigar os promotores dessa publicidade papeleira a reciclarem, obrigatoriamente e por sua conta, um volume de papel usado equivalente ao da campanha que nos despejam na caixa do correio?
A ideia é razoável, é implementável, e é amiga do ambiente. Ou isso, apesar da amizade ao ambiente, não é uma medida do tipo de amizade que a Quercus goste de cultivar?
Concordo em absoluto com a sua argumentação. Só não gostei do "implementável". Que tal um "realizável" ou "fazível" ?
ResponderEliminarCalma!
ResponderEliminarE se a Quercus se lembra de, após a reciclagem, e para demonstrar que foi bem sucedida, nos enfiar ÁRVORES pela caixa do correio?
É que estes rapazes, às vezes, não se enxergam...
Sou bem capaz de compreender, purista, a sua relutância ao termo “implementável”. Mas eu preferiria um outro termo, em alternativa às suas duas propostas, menos activo mas que evidenciasse mais a capacidade e a importância de se fazer cumprir a legislação que é aprovada. Talvez aplicável?
ResponderEliminarPerdoe-me o cinismo, impaciente português, mas esta parece-me ser uma das tais causas em que não vejo maneira de “pingar” alguma coisa para a Quercus e por isso desinteressante.
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