
Independentemente da pertinência da notícia (que a tem), vale a pena atentar na forma como a notícia está redigida: A desigualdade continua a aumentar em Portugal, afirma a OCDE, que atribuiu a 28.ª posição (em 30) a Portugal. Pelo contrário, México, Grécia e Reino Unido diminuíram o fosso.

O Diário de Notícias On-Line escolheu não a publicar, mas a Grécia ontem foi notícia por causa de uma Greve Geral de 24 horas convocada pelas duas principais confederações sindicais para protestar contra as políticas económicas governamentais, que consideram 'anti-sociais', do governo conservador.

Entre os mais animados grevistas contaram-se os cerca de 8.000 trabalhadores da companhia pública de aviação, a Olympic, que, com um passivo acumulado de dois mil milhões de euros*, é um colosso deficitário que há muito aguarda uma reestruturação que a viabilize sem a dependência dos subsídios do Estado.

É verdade que as dificuldades por que a Grécia atravessa não melhoram a situação portuguesa. No entanto, também é verdade que conhecê-las nos ajuda a colocar os problemas que atravessamos numa perspectiva mais correcta. Evita que acreditemos piamente nesses bons cabeçalhos de imprensa só com notícias que colocam Portugal na cauda da Europa…
* Trata-se de um valor que, só por si, é equivalente a 10% do montante da linha de garantias para empréstimos interbancários recentemente assumido pelo Estado português. Uma reflexão para os partidos da esquerda que se assustaram com o montante do valor envolvido, ao mesmo tempo que desataram a gabar as virtudes das empresas nacionalizadas.
Tem razão quando diz que é verdade que as dificuldades por que a Grécia atravessa não melhoram a situação portuguesa.
ResponderEliminarO mal dos outros nunca pode ser o nosso bem.
Só que os cabeçalhos com Portugal na cauda da Europa não mentem e, permita-me o trocadilho, eu não creio que seja possível ver caudas com Portugal no cabeçalho da Europa.
Se os cabeçalhos com Portugal na cauda da Europa não mentem, também não se pode dizer que, normalmente, primem pela objectividade, veja-se o caso usado para exemplo.
ResponderEliminarÉ que, se a notícia começa por afirmar que Portugal agrava distância entre ricos e pobres, ao contrário de três países onde isso não aconteceu (incluindo a Grécia), eu considero mais pertinente dar relevo ao facto de que esse fenómeno se verificou em 77% dos países observados.
Vende "menos papel" e não se torna assunto de conversa para os pessimistas do "só neste país", mas é um facto cientificamente mais rigoroso, e enquadra melhor a situação portuguesa num Mundo onde infelizmente se acentuam as desigualdades sociais.
Por outro lado, se a TAP estivesse agora na situação da Olympic ou da Alitália, tenho a certeza que pululariam por aí os comentários negativos a esse respeito. Como não está, pouco de negativo e nada de negativo se ouve a respeito disso. E isso é muito portuguesinho, muito invejoso, mas também muito injusto para quem mostra competência.
Concordo em absoluto com o teu comentário, A. Teixeira. É claro, preciso e conciso.
ResponderEliminar:*
Cristina Loureiro dos Santos