Em qualquer boa iniciação à cadeira de Marketing cai bem justificar-se a especialidade contando a história dos primórdios da indústria automóvel nos Estados Unidos que, quando devidamente contada, com os bons, os melhores e um certo fundo moral, como os norte-americanos apreciam, acabava por se tornar numa espécie de fábula de La Fontaine – parecida com A corrida da lebre e da tartaruga, mas retocada.

O Ford T veio a tornar-se um enorme sucesso de vendas, foi produzido durante quase 20 anos (entre 1908 e 1927) e tornou-se um modelo que, contado o número de veículos que dele foram construídos, apenas perde à escala mundial para o VW Carocha. Significativamente, a Ford era uma organização virada para dentro, para o aperfeiçoamento dos processos de produção e da redução dos seus custos.

Era nesse momento que se apresentava a tartaruga, a General Motors (GM), empresa fundada em 1908 e que fora crescendo discretamente à sombra do colosso Ford, a partir da reunião de diversos pequenos construtores (abaixo): Buick, Cadillac, Chevrolet, Pontiac,… mais tarde a Opel e a Vauxhall, no estrangeiro. Ao contrário da Ford, na GM a filosofia era diferente: preocupavam-se com os desejos dos consumidores…

Se a General Motors ultrapassou a Ford, esta reagiu rapidamente e, durante décadas, as duas empresas, especialmente depois de 1945, permaneceram os dois colossos indisputados da indústria automóvel à escala mundial. Quando me contaram a fábula (já nos finais da década de 70) esse status quo começara a ser perturbado pelos construtores europeus e japoneses, nomeadamente pela Toyota.

* Na realidade, durante os anos iniciais de produção e também durante os anos finais (então devido à concorrência) os Ford T foram produzidos noutras cores que não o preto.
O Sr. Henry ter-se-á certamente inspirado num “Democrata” de nome Thomas Jefferson e nos seus escravos pretos, antes da Ford variar em matéria de cor.
ResponderEliminarNo mundo de hoje, também a cor já não é imagem de marca da escravidão. Qualquer uma serve desde que sejam escravos.