11 dezembro 2021

A SENTENÇA DO JULGAMENTO DE ADOLF EICHMANN

11 de Dezembro de 1961. Conclusão do julgamento de Adolf Eichmann com o réu a ser condenado à morte. O que acaba por distinguir esta condenação de tantas outras que foram infligidas a antigos nazis, responsáveis pelo Holocausto, foi: a) o distanciamento temporal em que teve lugar, 16 anos decorridos depois do fim da Segunda Guerra Mundial; b) os extremos a que os israelitas se dispuseram a ir para recuperar Eichmann da sua aparente segurança, por detrás de uma nova identidade na Argentina. Esta última operação, embora arriscada, veio a revelar-se um grande sucesso em termos de publicidade para a causa. Mesmo as pessoas mais indiferentes podem tornar-se sensíveis a manifestações tão evidentes de impunidade e de injustiça, como aconteceu neste caso, em que milhares haviam morrido por causa de alguém que escapara a qualquer sanção.

2 comentários:

  1. Eu o que nunca entendi (e talvez o A. Teixeira saiba explicar) é por que motivos os israelitas só fizeram aquilo com Eichmann. Por que não foram capazes de, ou não quiseram, encontrar o paradeiro de e raptar outros criminosos nazis.

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    1. Eu posso ter uma opinião, não sei se será satisfatória para si. Como o Lavoura sugere, a anomalia foi mesmo o tratamento que os israelitas deram ao Adolf Eichmann.

      Por norma, e esse era o princípio da organização de Simon Wiesenthal, os criminosos de guerra deste género eram denunciados para serem julgados pelos seus próprios países de origem e/ou pelos países onde haviam cometido os seus crimes. Gradualmente os países mais afectados - Alemanha, Áustria, mas também os restantes países da Europa onde houvera colaboracionismo - foram deixando "cair" o assunto.

      Por outro lado, recorde-se ao longo da década de 50, e por causa da Guerra-Fria, tinha-se assistido a uma progressiva benignidade para com os nazis - já aqui evoquei vários exemplos, como o do multimilionário Krupp, condenado a 12 anos de prisão, dos quais cumpriu 3. E o homem acabou um «herói» na capa da Time! E depois havia ainda os países da América do Sul que albergavam os criminosos de guerra nazis entre as suas comunidades alemãs sem lhes fazer nada (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, etc.)

      Na minha interpretação, terá sido para contrariar tal panorama que Israel montou esta gigantesca operação mediática com Adolf Eichmann, cujo objectivo foi reavivar a memória do Holocausto. Se fosse apenas para o "despachar" o Mossad podia tê-lo tentado como o fizeram depois com tantos activistas da OLP e aparentados. Mas aqui parece-me que a intenção de Israel era mesmo encenar uma "coisa".

      E, para rematar, para explicar adicionalmente a falta de mais casos como o de Eichmann, vale a pena acrescentar que o Mossad tem a reputação de ser muito bom mas não é assim tão bom. Recorde-se, para comparação, que estas operações são muito delicadas mas também extremamente difíceis: os americanos andaram quase 10 anos à procura de Ossama bin Laden!

      O facto do Mossad ter andado 34 anos à procura de Joseph Mengele e nunca o terem apanhado é um desses fracassos, considerada a notoriedade do perseguido.

      Mas isto é apenas a minha opinião. Com esta pode o Lavoura implicar à sua vontade!



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