11 abril 2021

...MAIS UMA PETIÇÃO, RECORDANDO A HISTÓRIA DO PITBULL «ZICO»

Tenho que aceitar que não será o ridículo que consegue dissuadir os jornalistas de dar grande relevo noticioso às petições públicas on-line, publicitando-as nos seus órgãos de informação mas fazendo-o sem contexto e sem que se pronunciem sobre a sua oportunidade, pertinência e exequibilidade. Assim, e a propósito do contexto, esta última, acabada de aparecer e dedicada ao afastamento do juiz Ivo Rosa, «já tem mais de 114 mil assinaturas», escreve Ivo Neto, mas ainda está abaixo dos 150 mil que se pronunciaram contra «a presença de José Sócrates como comentador da RTP», embora já tenha superado a marca das 85 mil assinaturas dos que se condoeram com o abate do famoso pitbull «Zico». O pitbull «Zico» não foi salvo, mas serve desde então (2014) de meu benchmark da popularidade efectiva em Portugal: o cão recebeu em assinaturas mais do que os votos recolhidos nas últimas eleições legislativas pelo Chega, pela Iniciativa Liberal, pelo Livre ou pela Aliança... Apesar disso, acabou por não ser salvo pelo canil de Beja. Por outro lado, também as 150 mil assinaturas, mesmo sendo muitas mais, não promoveram a supressão do programa dominical de José Sócrates na RTP, terá sido mais o seu comportamento. Agora, e ainda a propósito das antipatias que José Sócrates tem o condão de gerar por todos os sítios onde passa, esta iniciativa desta petição para o afastamento de Ivo Rosa é mais outro disparate. Mas aquilo que se mostra mais verdadeiramente absurdo em tudo isto, é que, e como se vê, a comunicação social tradicional passa o tempo a criticar as redes sociais pela sua volubilidade e mais uma porção de defeitos, mas nestes casos concretos lá aparece ela - comunicação social - a cavalgar a onda, dando realce ao disparate. E, para mostrar quanto o comportamento está disseminado pela comunicação social dita respeitável, mostre-se que o assunto aparece no formato que descrevi - sem contexto - no Público (acima), mas também no Expresso, no Diário de Notícias, no Correio da Manhã ou no Observador (uma ressalva para este último, com trabalho feito na identificação e reputação do primeiro subscritor).

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