01 março 2020

ELEIÇÃO DE UM PRESIDENTE QUE NÃO O CHEGOU A SER

1 de Março de 1930. Realizam-se eleições presidenciais no Brasil da qual sairá vencedor o candidato Júlio Prestes. Os resultados do escrutínio só serão anunciados oficialmente em 22 de Maio. Era a vitória do situacionismo: as oligarquias de dezassete estados brasileiros apoiaram a candidatura vencedora. Mas também era a ruptura de um acordo tácito, que fizera com que até aí na presidência se costumassem revezar um presidente mineiro com um presidente paulista, uma rotação que se convencionara designar pela política do café com leite. Mas sobretudo era a pretensão ingénua de que se manteria um ambiente de calma política, quando a Crise Económica Mundial de 1929 acabara de estalar: a posse do presidente eleito do Brasil só estava prevista para dali a oito meses e meio, em 15 de Novembro. Júlio Prestes até podia ter-se tornado numa figura em destaque, visitar Washington DC e o presidente norte-americano Herbert Hoover, apreciem-no até abaixo como capa da revista Time pela ocasião, em Junho de 1930. Mas não vai chegar a tomar posse como presidente. A Revolução de 1930, fomentada pelos derrotados desta eleição de há noventa anos, vai levá-los ao poder e a um novo regime no Brasil. Um novo regime em que a vontade daqueles que haviam depositado votos nas urnas iria contar ainda menos do que contara até aí. 

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