19 fevereiro 2010

O CASO LAVON

Trata-se de um caso de espionagem, envolvendo Israel e o Egipto, passado um pouco antes da Guerra do Suez de 1956 e que foi baptizado com o nome do bode expiatório, o Ministro da Defesa israelita daquele momento que se chamava Pinhas Lavon (abaixo). Embora a inocência de Lavon não fosse a que os seus olhos de carneiro mal morto na fotografia indiciam, actualmente não restam dúvidas que a Operação (baptizada Susana) pela qual ele teve que se responsabilizar publicamente, havia sido aprovada colectivamente pelo aparelho de segurança israelita.
Deve ser por isso que nas fotografias que costumam ilustrar o Caso Lavon, normalmente o protagonista aparece acompanhado de notórios falcões da política israelita como Golda Meir (abaixo) ou Moshe Dayan (mais abaixo). Quanto à Operação Susana propriamente dita, foi um clamoroso fiasco dos renomados serviços de informações israelitas. A ideia original era criar um conjunto de incidentes que perturbassem significativamente as relações entre as duas potências anglo-saxónicas (Estados Unidos e Reino Unido) e o Egipto, então dirigido por Nasser.
Os instrumentos foram judeus de origem egípcia que tinham sido encarregados de criar esse clima de instabilidade através de atentados bombistas contra interesses ocidentais no país e que pudessem ser depois assacados a grupos extremistas egípcios. Com tanto azar (para Israel) que a Operação fora infectada por um agente duplo que a terá denunciado aos egípcios. Estes últimos levantaram toda a rede e organizaram um daqueles julgamentos-espectáculo perante o embaraço de Israel que viu assim toda a sua tortuosa intenção ser denunciada...
Duas consequências desagradáveis para Israel foram a percepção da parte dos países ocidentais que os Israelitas, apesar do capital de simpatia por terem sido vítimas recentes do nazismo, não mereciam confiança e a percepção nos países muçulmanos que as suas comunidades judaicas, de antiguidade milenar, não passavam de quintas colunas de Israel, o que teve efeitos trágicos para elas. Aquilo é que foi um fiasco embaraçoso. Suportar as acusações de assassinato de um dirigente do Hamas num hotel do Dubai, isso é apenas uma trivialidade…

2 comentários:

  1. Meu caro:
    Tenho de o felicitar mais uma vez. Pena tenho de não seguir, há mais tempo, as suas lições. O "Herdeiro de Aécio" é um mestre.

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  2. A descoberta foi recíproca e o sentimento é mútuo pois eu também me tenho "passeado" pelo passado da sua "Terra dos Espantos".

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