
Enquanto na
NATO os norte-americanos deram ao míssil a designação tecnocrática de
SA-2 com o cognome de
Guideline, os seus criadores soviéticos, conferiram-lhe uma outra poesia no acto de baptismo, adicionando ao S-75 técnico, a designação de um dos seus rios para cada nova versão do míssil: o
Dvina, o
Volkhov, o
Desna… A hora gloriosa para a reputação do
SA-2 surgiu a 1 de Maio de 1960, quando um deles abateu um
U-2, um avião espião da
CIA, a sobrevoar ilegalmente a União Soviética (abaixo).

O míssil era normalmente operado através de um conjunto múltiplo de plataformas – haviam sido necessários lançar catorze para que um deles derrubasse o
U-2 espião! – e embora pudesse atingir uma grande altitude (cerca de 20 km), nem o seu alcance era muito significativo (apenas 45 km, o que implicava que o avião hostil tivesse de voar muito próximo das plataformas), nem os seus sistemas de detecção e orientação eram muito sofisticados. A baixa altitude, o míssil pura e simplesmente não funcionava…

Contudo, dada a reputação adquirida – durante a
Crise dos Mísseis de Cuba no Outono de 1962 mais outro
U-2 foi abatido quando sobrevoava a ilha… – o
SA-2 tornou-se uma das marcas do sucesso militar soviético que este apenas distribuía aos aliados mais fiéis e que precisassem de contrariar a esmagadora superioridade aérea do seu grande rival: os Estados Unidos. Era o caso do Vietname do Norte e em 1965 os primeiros
SA-2 fizeram a sua aparição nos céus do Vietname. O primeiro avião foi abatido em Julho.

Por essa altura, já a eficácia operacional dos
SA-2 estava a ser
seriamente desafiada, embora não restassem dúvidas que as formas longilíneas daqueles mísseis contribuíam para que se produzissem fotografias de propaganda de uma estética espectacular, dando uma imagem ímpar de
capacidade de
retribuição a um poder aéreo esmagador… Era o que os países árabes estavam mesmo a precisar, depois da
hecatombe que eles haviam experimentado durante a
Guerra dos Seis Dias de Junho de 1967…

Durante alguns anos, nessa guerra de propaganda, perduraram as imagens de um Egipto e de uma Síria que agora pareciam impermeáveis à repetição dos acontecimentos de 1967 (acima). Depois, quando da última
Guerra israelo-árabe do Yom Kippur travada em Outubro de 1973, veio a prova da real valia dos então obsoletos
SA-2... Há algo de perverso nesta última fotografia da contra-propaganda dos israelitas (abaixo), tirada a uma bataria de
SA-2 egípcia, destruída pelos seus aviões quando a atacaram quase a rasar o solo…
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