24 outubro 2009

CARLOS, O CORAJOSO

Nos princípios de 1990, numa das raras remodelações que Cavaco Silva efectuou ao XI Governo (1987-91), nomeou para a pasta da Defesa o Eng.º Carlos de Brito, distinta figura do Norte, substituindo outra figura da região, o também Eng.º Eurico de Melo. A nomeação data de 5 de Janeiro e os dias sucederam-se sem que o novo ministro desse qualquer sinal de se dispor a vir tomar posse do seu novo cargo… Perante o incómodo crescente da situação, começaram a circular rumores sobre inesperados problemas de saúde, nomeadamente do foro psicológico, do novo ministro da Defesa.
O incidente perdurou durante dois meses precisos, até 5 de Março de 1990, quando Carlos de Brito foi exonerado do cargo sem nunca ter chegado a desempenhá-lo, e vindo a ser substituído por aquela que era então uma estrela em ascensão no PSD: Fernando Nogueira. Na sua Autobiografia Política, Cavaco Silva descreve o episódio em cores suavíssimas(*) e à distância de quase 20 anos, percebe-se hoje que todo o episódio não terá passado de uma daquelas broncas menores do cavaquismo, mas que vale a pena não ser esquecida quanto ao perfil dos intervenientes.
É que quando se anuncia que o principal interveniente, o Eng.º Carlos de Brito, está a lançar um livro para o qual se escolheu o ousado título Regionalização, uma Questão de Coragem, suponho que será tanto uma questão de aposta na falta da memória alheia quanto de falta de vergonha na própria cara a referência a essa coragem que, no momento mais alto da sua carreira política, o ministro-da-Defesa-que-nem-o-chegou-a-ser-na-prática mostrou não ter(**)… Com paladinos corajosos como este a baterem-se por si, creio que a regionalização nem precisa de opositores…

(*) Passado pouco tempo, percebi que tinha cometido um erro. O perfil psicológico de Carlos de Brito não se adaptava ao lugar de ministro da Defesa, como ele próprio me tinha alertado. Pediu-me que o substituísse logo que fosse possível, porque não se sentia bem de saúde (2º Volume, p.110).
(**) Não conseguiu assumir o lugar, nem conseguiu assumir junto de Cavaco Silva que era incapaz de o assumir...

6 comentários:

  1. Diz-se que o seu acto mais corajoso, foi prometer, sem se rir, em campanha eleitoral, levar o Porto a realizar os Jogos Olímpicos.

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  2. Agora estás a ser mauzinho! É por o senhor ser do norte , não é? Então tu não tás a bier que o sinhor istaba cum esgotamiento, carago!

    Bós, os mouros, num cumprendeis nada. É perciso fazer deseinhos para bos explicar tudo...

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  3. JRD, isso são campanhas eleitorais antigas, que hoje está tudo bem que quem apresentou o "livro da" coragem até foi o adversário de então, Fernando Gomes.

    Oh Donagata, se o facto do senhor ser do Norte fosse mesmo importante então teria dado o nome adequado ao poste: Carlos, o Curajuoso.

    Quanto ao facto de ele então estar com um esgotamento, eu suponho que o Eng.º será mesmo é esgotado, um murcon, por assim dizer...

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  4. Por assim dizer e dizes muito bem. Que tu a dizer és um ás. Deixa cá ver se me lembro... Um poço de erudição? (mais ou menos, mas o conceito é que vale).

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  5. Tanto quanto me lembro, a frase do Torquato (vale a visita ao seu Ofício Diário - http://oficiodiario.blogspot.com/) era:
    – É cá duma erudição...

    O "poço" já és tu a aprofundar o elogio...

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  6. A Donagata e o Torquato têm razon
    :))

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