19 maio 2009

A SOCIOLOGIA SEGUNDO ANTÓNIO ALMEIDA

Tive um colega de trabalho que se chamava canonicamente (primeiro e último nome) António Almeida, mas que era conhecido profissionalmente de forma completamente diferente, juntando o seu outro nome próprio a um outro apelido que era mais sonante mas que infelizmente estava mais escondido no meio do seu nome completo. Um dia, tivemos que viajar num grupo e, na altura da partida, ninguém sabia a quem pertencia aquele bilhete de avião emitido em nome de António Almeida e ninguém se acusava… mas isso é uma outra história.

Mas, se comecei por este preâmbulo, foi para dar uma ideia do perfil do autor de uma classificação sociológica dos portugueses que sempre considerei extremamente simplificada, mas eficaz: embora nunca o tivesse ouvido sistematizá-la desta forma, segundo o António Almeida a sociedade portuguesa divide-se nos rústicos, nos urbano-rústicos e nos bacanos. O carácter inédito da classificação consistia naquela categoria intermédia, a urbano-rústica, composta pelos rústicos que haviam sido transplantados para a cidade.

Se há uns dias gostei de um poste de Ana Vidal no Delito de Opinião (tanto que me servi dele para escrever um poste precisamente sobre o mesmo assunto que é lá abordado), ainda mais me tenho vindo a maravilhar com o conteúdo da caixa de comentários desse mesmo poste. É que quase todos, senão mesmo todos os comentários referentes àquele poste que é dedicado à ignorância flagrante do jornalista António Ribeiro Ferreira se referem concertadamente… à bimbalhice do casal e especialmente de Maria Cavaco Silva.

Não serei eu a pretender valorizar o comportamento da mulher do presidente, mas também não percebo a que propósito é que os vários comentadores saltaram de um assunto para outro. Como pretexto, considero o episódio do Rio Bósforo forçado para malhar no casal Cavaco Silva. Usando a classificação sociológica de António Almeida e de acordo com a opinião generalizada da imprensa a História recente de Portugal terá tido dois presidentes urbano-rústicos (Eanes e agora Cavaco Silva) e dois bacanos (Soares e Sampaio).

Como a classe jornalística em geral se vê a si própria, tal qual fazia o António Almeida, como pertencente aos bacanos, adivinha-se a sua parcialidade naquilo que ela costuma escrever sobre aqueles episódios acessórios que ocorrem durante uma viagem presidencial mas que não têm interesse nenhum. Foi a mesma parcialidade que, recorde-se, fez do episódio de Cavaco Silva a trepar a um coqueiro uma evidente labreguiçe, mas do de Mário Soares escanchado numa tartaruga gigante mais uma demonstração da sua proverbial bonomia

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