03 março 2009

A COBERTURA DO ACONTECIMENTO – 1

Interrogo-me quantos correspondentes de órgãos de comunicação portugueses haverá em Bissau e, depois dos últimos acontecimentos que se verificaram na Guiné-Bissau, também me interrogo para que é que eles existem? Passadas mais de 24 horas sobre as notícias dos assassinatos – por ordem cronológica – do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Tagmé Na Waie e do Presidente da República João Bernardo Vieira, o que se sabe está (bem) sintetizado neste artigo do Correio da Manhã.

Agora, apreciar-se um verdadeiro trabalho de investigação e análise é que parece um bocadinho mais difícil… É que as perguntas elementares que ainda estão por responder ainda são muitas. Quem poderão ser os suspeitos do envio da armadilha ao General? E porque será que os militares deduziram que o mandante havia sido o Presidente? Terão sido o conjunto das chefias militares a pensá-lo, ou o assassinato do Presidente terá resultado apenas da acção de alguns militares mais exaltados vindos de Mansoa?

Que facções políticas parecem estar em confronto? Ou tudo não passou da expressão última de uma intensa rivalidade pessoal entre os dois homens assassinados? Há facções políticas descaradamente apoiadas pelos traficantes? E estes últimos, agem em concertação ou também há rivalidades entre eles que se estendem para o campo político? Sim, porque obter informações neste caso tem de ser mais do que escrever umas trivialidades genéricas sobre o narcotráfico – coisa que há muito se sabe…

Parte das perguntas acima fazem parte dos elementares trabalhos de casa… Não se pode excluir que possa haver restrições – formais, do estado, e informais, dos traficantes – à liberdade dos correspondentes em informar mas aí compete ao brio profissional dos atingidos denunciar esse tipo de pressões, se as houver. Assim como estamos, em Portugal continua sem se perceber as explicações para o que se passou, enquanto nas ruas de Bissau, de certeza, já deve haver uma meia dúzia de teorias da conspiração

A não ser que, como acontece informalmente com a carreira diplomática, também os lugares de correspondente em Bissau, não sejam propriamente dos mais disputados... A verdade é que só no meio desta aparente mediocridade informativa é que podem medrar notícias como a da TSF – um dos mais histriónicos e vazios órgãos de comunicação social que existe em Portugal!… – que nos assegura, por intermédio do porta-voz do exército guineense, Zamora Induta, que o país está a regressar à normalidade. Ora então não?!

3 comentários:

  1. Tudo normal na Guiné, o país continua a girar como uma placa.
    Tudo normal no julgamento do "Protegido da Costa" que falou durante 33(!)minutos.
    A tsf é assim: uma droga de rádio...

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  2. É bastante irritante também a forma complacente como o nosso jornalismo trata as autoridades políticas dos PALOP's.
    Mas voltando à Guiné, aquilo está meio na placa giratória do narcotráfico.
    Não estou a ver para já uma grande futuro para aquele país, e de onde conhci muita boa gente.

    João Moutinho

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  3. Cinco milhões de habitantes e Forças Armadas com 100 mil efectivos, não há volta a dar, nem baralhando!

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