31 março 2008

AS PERGUNTAS A PODGORNY e AS ESCOLHAS DE MARCELO

Nikolay Podgorny (1903-1983 - embaixo) foi um daqueles típicos apparatchiks soviéticos, protagonista, com Leonid Brejnev e Aleksei Kossygin, do golpe palaciano que derrubou em Outubro de 1964 Nikita Khrushchev. Na partilha dos cargos que se seguiu, sempre temerosos da acumulação excessiva de poder num só individuo, Brejnev ficou com o partido (secretário-geral do PCUS), Kossygin com o governo (presidente do Conselho de Ministros) e Podgorny como o Chefe de Estado da União (presidente do Presidium do Soviete Supremo).
Mesmo tendo apenas funções protocolares, o rústico Podgorny (que era de origem ucraniana) conseguia ser um verdadeiro embaraço quando se deslocava ao estrangeiro. Quando em visita ao Ocidente, ficaram lembradas as suas respostas aos pedidos de entrevistas, onde punha a condição prévia que os entrevistadores fornecessem antecipadamente a lista com todas as perguntas que iam colocar… É um método mais praticado do que se possa pensar, mas é embaraçoso para entrevistado ou entrevistador assumirem-no. Lembrei-me dele, ontem à noite…
Ontem à noite, o programa das escolhas de Marcelo da RTP1 começou pelas primárias democráticas nos Estados Unidos, onde o professor conseguiu a proeza (que considero meritória) de abordar os embaraços da campanha de Barack Obama, sem aflorar sequer os recíprocos da campanha de Hillary Clinton. Foi demasiado flagrante, mas até nem me surpreendeu que Marcelo o tenha tentado fazer. O que me surpreendeu deveras foi que o tivesse conseguido fazer: é que eu supunha que Maria Flor Pedroso estava ali para evitar precisamente aquilo…
Logo pelo protagonista, seria ingenuidade esperar dali um programa de análise política a sério. E é obvio que a jornalista e o comentador se acertam sobre os temas a tratar, nem poderia ser de outro modo. Agora, ter conseguido a proeza de passar mesmo a rasar o episódio da patranha de Hillary Clinton sobre a Bósnia é indicativo como os critérios de rigor jornalístico por que Maria Flor Pedroso se deveria bater são mesmo subalternos naquele programa. Assim, ela corre o risco sério de ser considerada pela assistência como (mais) uma mera assistente do mágico

4 comentários:

  1. Curiosa a introdução: do rural Podgorny ao urbanita Marcelo, se bem que houve por cá outros rurais, talvez mais adequados e que não precisavam de ir ao estrangeiro para "encomendar" as entrevistas.
    Depois desta onda arrivista e serôdia de antifascismo Marcelista, a simpática Maria Flor (não cofundir com a Ana Sousa Dias) colaborou e o professor palpitou, agora que nem sequer aqui há gato para o arranhar…

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  2. É evidente que, no caso das eleições norte-americanas, nem sequer se põe o sempre discutido problema de qual será a real capacidade de influência de Marcelo. Neste caso, essa influência será negligenciável – será que o programa passa nas RTPs por satélite e haja algum luso-americano que o leve a sério? Mas o estilo, o rigor é “esplendoroso”! Pena é transformar em comparsas os (as) colegas de programa…

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  3. Nunca se sabe até onde a sua verborreia chega. É bom não esquecer que há muitos que votam em Sete Rios (risos).

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  4. Maria Flor Pedroso, tal como Carlos Andrade (Quadratura do Círculo), apenas servem a sopa, introduzem os temas combinados e não oferecem réplicas.
    Sem a Flor, o homem ficaria a falar sozinho.
    Assim, fica ela a olhar para o boneco falante.
    Confesso que, apesar de tudo, prefiro que se mantenha a dupla e que a RTP não se atreva a "desflorar" Marcelo...

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