12 julho 2024

«QUANDO SE FIZER A HISTÓRIA DOS ACONTECIMENTOS...»

12 de Julho de 1934. No noticiário internacional, lê-se que Adolf Hitler se tenta demarcar da autoria da purga interna do seu partido, acção essa que ocorrera duas semanas antes e que veio a ficar conhecida pelo título de «Noite das Facas Longas» e que tivera a sua maior expressão política e mediática na execução de Ernst Röhm, o dirigente supremo das SA (Sturmabteilung). Como se pode ler acima, Hitler concedera uma entrevista a um jornal italiano, proclamando a sua impotência em deter a horda de sublevados que assassinara Röhm, nomeadamente porque Röhm não seguira os seus conselhos. No remate da mais despudorada hipocrisia, Adolf Hitler vai ao ponto de dizer que «quando mais tarde se fizer a história dos acontecimentos se verá que ele não é o culpado do fuzilamento de Röhm»... Este é um caso exemplar de quanto a mentira tem a perna curta, muito curta. No dia seguinte ao desta notícia, a 13 de Julho de 1934, Adolf Hitler proferia um discurso no Reichstag que foi radiodifundido e em que ele justificou os assassinatos alegando uma teoria da conspiração e um suposto golpe de Estado iminente por parte das SA: afinal, e ao contrário daquilo que estivemos a ler acima, Röhm fora muito bem assassinado...

Este é o tipo de actuação política típica da extrema direita (como agora temos oportunidade de apreciar em Portugal com André Ventura): um dia dizem uma coisa, no dia seguinte dizem outra completamente distinta, sem se incomodarem sequer a explicar as razões da pirueta.

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