03 julho 2024

O PROJECTO «ITHACUS»

Entre os projectos militares mais surpreendentes que nunca avançaram conta-se este foguetão intercontinental de transporte que constituía notícia a 3 de Julho de 1964, após o encerramento da 1ª Reunião Anual do Instituto de Aeronáutica e Astronáutica. Será desnecessário explicar em que consistia a ideia: a notícia acima explica-o. Assim como se afigura óbvio que essa ideia estava muito longe de se concretizar: seria necessário esperar ainda uns dez a doze anos (1975) e investir os «fundos necessários» (que não são estimados sequer...). Mas o objectivo estratégico do foguetão «Ithacus» parecia límpido: como potência hegemónica, os Estados Unidos passariam a dispor de meios para colocar uma unidade militar de poder de fogo significativo em muito poucas horas em qualquer local do mundo onde Washington considerasse que os seus interesses estivessem a ser ameaçados: um golpe de estado hostil num país aliado, por exemplo.
O projecto e a ideia de «Ithacus», apesar de imaginativa e engenhosa, tinha dois óbices. O primeiro e mais imediato era o seu custo e a sua eficácia, quando comparado com uma operação aerotransportada mais convencional, que colocaria os mesmos efectivos e as mesmas cargas no mesmo local, só que uma dúzia de horas depois. Seria que os custos - astronómicos - do projecto valeriam essas escassas horas de antecipação? O segundo óbice era de cariz mais estratégico e os responsáveis militares e políticos norte-americanos só se vieram a aperceber dele depois de efectuarem vários outras intervenções no Mundo, como a do Vietname, do Iraque ou do Afeganistão. O problema principal para os Estados Unidos nunca se põe quanto à celeridade como chegam aos locais de intervenção, localizem-se eles onde for por esse Mundo fora; o grande problema dos Estados Unidos têm sido sempre as condições de dignidade como depois conseguem sair desses locais. No Afeganistão, por exemplo, passaram 20 anos (2001-21) por lá e os resultados finais foram os que foram...

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