16 setembro 2018

SOBRE AS DIFICULDADES EM FUGIR DO «SOCIALISMO»

16 de Setembro de 1979. Duas famílias de alemães orientais, os Strelzyk e os Wetzel, perfazendo um total de oito pessoas, conseguem fugir da Alemanha Oriental, transpondo o Muro que separava as duas Alemanhas num balão artesanal de ar quente, construído pelos próprios, um electricista de 37 anos e um operário de 24. Depois de montarem e de encherem o balão num local propositadamente remoto mas não muito longe do Muro e de uma viagem nocturna de apenas meia hora mas cheia de peripécias, a expedição acabou por aterrar às 2H30 da manhã a um dez quilómetros para lá do Muro, já na Alemanha Ocidental. O feito surpreendeu pelo engenho e pela audácia. Claro que as autoridades daquela que, para efeitos do que era a correcção política da época, se fazia designar por República Democrática Alemã, se encarregaram rapidamente de se assegurar que a proeza iria ser irrepetível. A aquisição de qualquer material que, remotamente, pudesse vir a ser utilizado para a construção de balões, passou a ser severamente controlada. Mas o episódio acrescentou-se a uma colectânea deles no âmbito do usufruto das liberdades individuais, no quadro da propaganda da Guerra Fria. Viver sob o comunismo parecia ser muito duro, os trabalhos a que se davam estes trânsfugas para fugir de lá mostravam-no, e a Alemanha Oriental consolidava com estes episódios uma reputação - que a queda do Muro veio a mostrar merecida - de um estado policial onde se transitara directamente do nazismo para um comunismo que não lhe seria substancialmente superior. Esta paródia de hino do filme «Top Secret» (1984) mostra em quão pouca consideração era tomado o epíteto de democrático do seu nome oficial.

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