03 novembro 2014

O ENIGMA DE WAGAH

aqui evocadas no Herdeiro de Aécio, as cerimónias quotidianas de Wagah na fronteira indo-paquistanesa ter-se-ão tornado provavelmente (juntamente com o haka dos maoris) no exemplo mais mundialmente conhecido da sublimação da hostilidade num ritual (felizmente) inofensivo. Não havia memória de as cerimónias se tornarem violentas até ontem, quando um bombista suicida detonou uma carga de uns 25 kg de explosivos no lado paquistanês da fronteira causando cerca de 60 mortos e 200 feridos. É sempre difícil criar a empatia de tentar compreender quais as intenções de quem promove este género de actos. Fragilizar o Paquistão naquele local em que ele se confronta diariamente com o seu antagonista histórico só se pode conceber se o acto tiver sido organizado por uma organização islâmica radical que se posicione não apenas contra o actual governo paquistanês como também contra a própria concepção original do estado do Paquistão, mesmo que ele se tivesse passado a reclamar de um islamismo que não estava nas ideias do fundador Ali Jinnah. Mas este atentado torna-se ainda mais absurdo quando se sabe que, mais do que uma, já são duas - senão três - as organizações extremistas a ter reivindicado a sua autoria, cada uma apresentando uma versão ligeiramente modificada das razões para a sua realização.

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