28 novembro 2014

«COCARDES» ANACRÓNICAS

As minhas deambulações pela internet em busca de Messerschmidtts Bf-109 ostentando uma cocarde específica (búlgara, croata, húngara, etc.) levaram-me a um local curioso, onde o autor se entretém a personalizar aviões de combate com cores anacrónicas (acima é um desses aparelhos pintado com as cores dos seus arqui-inimigos soviéticos). O que une a colecção, para quem conheça a história da aviação militar, é que todos os aviões que dela fazem parte não pertenceram, nem nunca poderiam ter pertencido, às Forças Aéreas sob cujas cores aparecem pintados. Escolhi trazer para aqui um punhado de exemplos, alguns que nos são próximos porque os desenhadores também usaram as cores da nossa Força Aérea.
Por exemplo, a FAP dificilmente poderia contar no seu arsenal uma esquadrilha de Sukhoi Su-27 como o que aparece pintado acima. Apesar de se tratar de um avião bonito e muito manobrável, trata-se de um aparelho relativamente ultrapassado, um dos últimos caças entrados ao serviço durante a era soviética e que Portugal, que sempre esteve do outro lado – o da NATO – nunca se disporia a adoptar para o seu arsenal. 
Em contraste, o problema que se coloca à nossa adopção do F-22 Raptor (abaixo) não é político (nem estético), é outro: trata-se do seu custo (ronda os 120 milhões € cada unidade, o quíntuplo do que custaria um dos Sukhoi acima), que se torna excessivo mesmo para a USAF, que tem ao seu serviço menos de 200. Uma esquadrilha deles ficar-nos-ia pelo dobro daquilo que custaram os nossos dois famosos submarinos da classe U-214.
Em contrapartida, o F-16 é um avião de custo relativamente acessível e muito difundido: é, por exemplo, o avião de combate da FAP. A originalidade da imagem acima está na decoração: o F-16 pertence a uma imaginária Força Aérea do Vaticano (note-se o requinte da cruz na cauda) e aquilo que sob Bento XVI nos pareceria anacrónico, esquecido Júlio II, com o actual papa Francisco até é capaz de nos arrancar um sorriso.
Finalmente, de um avião real ao serviço de uma Força Aérea imaginária, concluímos com um avião (e até um pouco mais do que isso!) imaginário ao serviço de uma Força Aérea real, a colombiana. A nave é a Eagle que só os mais velhos se lembram de ver operada pelos habitantes da Base Lunar Alpha da série televisiva Espaço 1999 há quase 40 anos. Para quem goste e consiga perceber os anacronismos, o site vale a visita.

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