
A fotografia que acabou por melhor simbolizar a aproximação da República Federal da Alemanha aos países de Leste protagonizada pelo chanceler
Willy Brandt entre 1969 e 1974 será certamente a da ocasião em que ele,
depois de depor uma coroa de flores, se ajoelhou junto ao Monumento erigido ao
Levantamento do Gueto de Varsóvia de 1943. Estava-se a 7 de Dezembro de 1970.

Mas há muitas outras fotografias muito interessantes dessas iniciativas de aproximação a que depois se veio a dar o nome geral de
Ostpolitik. O primeiro encontro que Willy Brandt tivera com um dirigente do Leste tivera lugar nove meses antes, em 19 de Março de 1970 e foi logo com o seu homólogo da República Democrática Alemã,
Willi Stoph, numa cidade do território desta última:
Erfurt.

Num episódio então discretamente
abafado, formou-se uma multidão no largo junto ao Hotel onde Willy Brandt estava instalado, aclamando exuberantemente
Willy, num daqueles trocadilhos deliberados e facilmente perceptíveis, dada a coincidência do primeiro nome dos dois políticos alemães. Foi muito
reflectidamente que Willy Brandt lá acabou por se dispor a aparecer a uma janela…

Estava-se ainda numa fase embrionária da aproximação e o desejo sincero de Brandt seria o de evitar quaisquer incidentes que pudessem perturbar a sua manobra diplomática. Ela continuou com nova reunião dois meses depois (21 de Maio de 1970), agora na cidade de
Kassel em território da Alemanha Federal. Nessa ocasião, a preocupação de Willy Brandt e do seu governo era precisamente a oposta.

Porém, as manifestações que acolheram Willi Stoph constituiam um caleidoscópio de opiniões várias, desde o cartaz que o culpava dos 365 mortos que o Muro de Berlim causara desde 1961 (à esquerda) à solidariedade inequívoca manifestada pelo cartaz do Partido Comunista (
DKP) ao lado, em que se pergunta
E agora? (
Und nun?), pelo reconhecimento internacional da Alemanha Democrática.

Os encontros terão sido suficientemente bem sucedidos para terem servido de referência a um certo padrão estético. Quando
Helmut Schmidt, o chanceler sucessor de Willy Brandt, visitou a Alemanha Democrática em Dezembro de 1981 já foi recebido por
Erich Honecker, o verdadeiro líder do país, porém a estética das fotografias protocolares permanecia essencialmente a mesma (acima e abaixo).

Contudo, os alemães orientais haviam aprendido algo. Schmidt, que apreciava muito
arte expressionista, manifestou o desejo de visitar
Güstrow, cidade que fora a residência do escultor
Ernst Balach (1870-1938). Não se lhe podia dizer que
não mas, para evitar o que acontecera em Erfurt com Brandt, a cidade foi selada do exterior e formou-se
o comité de recepção que a fotografia mostra…

Contribuindo certamente com a sua
sensibilidade artística (mas agora da escola
surrealista), os responsáveis pelas manobras que interditaram a cidade durante a presença de Helmut Schmidt deram àquelas o nome maravilhosamente dialéctico de
Operação Diálogo...
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