20 março 2011

A RESOLUÇÃO 1973

Que não fiquem quaisquer dúvidas como as fotografias da Praça Tahrir no Cairo (acima) são muito mais espectaculares que as da enorme Mesa Redonda do Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque (abaixo). Mas quem quer passar por analista destes assuntos tem de saber distinguir os sítios onde as coisas acontecem e os sítios onde parece que as coisas acontecem – o que não tem nada a ver com a espectacularidade das imagens e os considerandos sobre as revoluções e vontades populares que aparecem no balanço…
Na Mesa Redonda, representantes de 15 países aprovaram – com 10 votos favoráveis e 5 abstenções – a Resolução 1973 que estabeleceu uma base legal para a intervenção militar de alguns deles na Líbia. Como seria de esperar, enquanto se abstinham no voto, Rússia, China e Índia demarcavam-se pela porta das traseiras, lamentando a intervenção. Menos expectável, mas significativo do que vale a União Europeia em política externa, foi a abstenção da Alemanha, desalinhada dos votos dos seus aliados europeus…
É previsível que a intervenção aérea entretanto desencadeada – e sobretudo publicitada! – pela aviação francesa tenderá a neutralizar a superioridade militar que as forças governamentais líbias tinham vindo a exercer no terreno para grande desapontamento dos enviados especiais. O futuro do Coronel Gaddafi e do seu regime parece, a partir de agora e com este apoio aos rebeldes, mais comprometido do que nunca, mas o desejo de liberdade e as movimentações das massas árabes para a obter nada têm a ver com isso…

3 comentários:

  1. Não penso que a posição da Alemanha tenha sido inexpectável.
    A História impõe à Alemanha restrições óbvias a uma qualquer política de agressão - mesmo pelos mais válidos motivos.

    ResponderEliminar
  2. Faço notar que a Alemanha faz parte da NATO e mantêm um contigente de mais de 5.000 soldados no Afeganistão.

    Se "a História impõe à Alemanha restrições óbvias a uma qualquer política de agressão" então faz parte da organização errada...

    Por outro lado, estava a referir-me ao sentido do voto no Conselho de Segurança da ONU, não ao envolvimento nas operações militares: Portugal e a África do Sul, por exemplo, votaram a resolução favoravelmente mas não parecem ter intenção de participar nessas operações.

    ResponderEliminar
  3. Pode comentar, visto de hoje, o fato?

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.