Há coisa de um ano e meio li com muito interesse este livro acima, sobre a História da Líbia, um tópico que vi raramente ser abordado, especialmente com a profundidade com que ali era feito. Com essa leitura aprendi, entre outras coisas, que ao contrário de muitos outros dirigentes árabes de países produtores de petróleo, Gaddafi não é venal, o que explicará uma boa parte da péssima imagem que ele possui no exterior, fomentada pelas petrolíferas que ele acabou por despojar da maioria dos direitos que possuíam. Aprendi também que Gaddafi é excêntrico, de uma excentricidade de fazer lembrar as histórias dos imperadores romanos loucos, mas que essa excentricidade não quer dizer que ele transija quando o assunto é o do exercício do poder. Como acontecia, por exemplo, com Mao Zedong na China, também Gaddafi prefere deixar a gestão dos assuntos correntes a outros, mas reter o poder efectivo.
Como se pode ler na página 258 do livro acima (a tradução é minha): Uma característica marcada do regime de Gaddafi, são as remodelações ministeriais, a forma preferida de evitar que qualquer competidor político potencial alicerce uma base de poder alternativa à sua. As remodelações são frequentes mas, surpreendentemente, envolvem quase sempre os mesmos protagonistas. De acordo com uma estimativa, durante os primeiros 30 anos do regime (i.e. entre 1969 e 1999), pelo Comité Geral Popular (o equivalente ao governo) passaram somente 112 pessoas, um número excepcionalmente baixo tendo em conta que muitos ocuparam os seus cargos por períodos não superiores a um ou dois anos. A maioria desses ministros são tecnocratas, da geração de Gaddafi, que parecem contentar-se em serem peões desta rotação de cadeiras. O sistema faz com que Gaddafi paire sobre a política do quotidiano (…)
Mas o objectivo deste poste não é exibir o conteúdo do livro sobre a Líbia que li. É, sobretudo, o de manifestar a minha total surpresa quando subitamente, declarada a Revolução na Líbia, leio tanto a imprensa escrita quanto os blogues e me descubro rodeado de especialistas, profundos conhecedores tanto da personalidade de Gaddafi como da realidade líbia. Pelos vistos, ando a malbaratar o dinheiro adquirindo livros sobre temas que considerava remotos… Para não me arrepender depois, não haverá por aí algum especialista que me faça poupar antecipadamente, agora que me decidi a estudá-la, aquilo que vou ter de gastar numa História da Argentina?...
Mas o objectivo deste poste não é exibir o conteúdo do livro sobre a Líbia que li. É, sobretudo, o de manifestar a minha total surpresa quando subitamente, declarada a Revolução na Líbia, leio tanto a imprensa escrita quanto os blogues e me descubro rodeado de especialistas, profundos conhecedores tanto da personalidade de Gaddafi como da realidade líbia. Pelos vistos, ando a malbaratar o dinheiro adquirindo livros sobre temas que considerava remotos… Para não me arrepender depois, não haverá por aí algum especialista que me faça poupar antecipadamente, agora que me decidi a estudá-la, aquilo que vou ter de gastar numa História da Argentina?...
muito bem. Persista!
ResponderEliminar