13 fevereiro 2011

FOTOGRAFIAS CONVENIENTES E INCONVENIENTES DO MAIO DE 1968

O número de fotografias consideradas simbólicas sobre os acontecimentos de Maio de 1968 em Paris é excessivo, pletórico mesmo. Em alguns tópicos, torna-se óbvio que, ao contrário do que é verdadeiramente espontâneo, daqueles valores pelos quais os manifestantes se batiam afinal, os fotógrafos foram à procura de um tema pré-determinado, como se vê acima ou num outro meu poste anterior sobre as Mariannes daquela e doutras revoluções. Daquela Revolução de Maio de 1968 que, afinal, nem sequer o chegou a ser…
A fotografia mais significativa sobre os acontecimentos será provavelmente esta acima, tirada logo a 3 de Maio de 1968 por Gilles Caron (1939-1970), onde se vê Daniel Cohn-Bendit (1945- ) a endereçar – o plano dá a falsa impressão que é de baixo para cima – um inesquecível sorriso trocista a um elemento da polícia de intervenção, polícia essa que era conhecida pelas siglas CRS. Como qualquer fotografia ideológica, a face do CRS – o mau – mal se vê, não se desse o caso que a sua expressão (sorrindo?...) o pudesse humanizar…
Aquilo que mais se nota nele e que se torna identificativo dos CRS é o aspecto reluzente dos seus capacetes, que pode ser interpretado como uma espécie de metáfora do polimento hipócrita do Poder que então se contestava nas ruas (acima). Mas a hipocrisia não era apanágio só de um lado. Nesta última fotografia abaixo dessa época – uma daquelas para esquecer… – é o mesmo capacete reluzente que nos permite identificar imediatamente o CRS pelo chão com uma multidão pouco estudantil preparada para lhe tratar da saúde

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