
O número de fotografias consideradas simbólicas sobre
os acontecimentos de Maio de 1968 em Paris é excessivo, pletórico mesmo. Em alguns tópicos, torna-se óbvio que, ao contrário do que é verdadeiramente espontâneo, daqueles valores pelos quais os manifestantes se batiam afinal, os fotógrafos
foram à procura de
um tema pré-determinado, como se vê acima ou num
outro meu poste anterior sobre
as Mariannes daquela e doutras revoluções. Daquela
Revolução de Maio de 1968 que, afinal, nem sequer o chegou a ser…

A fotografia mais significativa sobre os acontecimentos será provavelmente esta acima, tirada logo a 3 de Maio de 1968 por
Gilles Caron (1939-1970), onde se vê
Daniel Cohn-Bendit (1945- ) a endereçar – o plano dá a falsa impressão que é de baixo para cima – um inesquecível sorriso trocista a um elemento da polícia de intervenção, polícia essa que era conhecida pelas siglas
CRS. Como qualquer fotografia
ideológica, a face do
CRS – o
mau – mal se vê, não se desse o caso que a sua expressão (sorrindo?...) o pudesse humanizar…

Aquilo que mais se nota nele e que se torna identificativo dos
CRS é o aspecto
reluzente dos seus capacetes, que pode ser interpretado como uma espécie de metáfora do
polimento hipócrita do Poder que então se contestava nas ruas (acima). Mas a hipocrisia não era apanágio só de um lado. Nesta última fotografia abaixo dessa época – uma daquelas para esquecer… – é o mesmo capacete
reluzente que nos permite identificar imediatamente o
CRS pelo chão com uma multidão
pouco estudantil preparada para lhe
tratar da saúde…

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