É interessante que o anúncio feito pelo Governador do Banco de Portugal Carlos Costa (acima) a um jornal da especialidade (Diário Económico), anunciando que se pode dizer que estamos em recessão, possa se tornar assim tão importante. É-o por uma questão de credibilidade dos agentes políticos: para os da oposição já lá estamos há muito tempo, mas costuma ser sempre assim, não é novidade, para os do governo nunca vamos lá chegar e isso é que é pior, considerada a situação financeira que Portugal está a atravessar.
O processo da formação de preços nos mercados internacionais desenvolveu certas regras que, por muito absurdas que sejam, há que respeitar. Por exemplo, e creio que já usei aqui esse exemplo, quando uma empresa multinacional atravessa um período difícil e vê a cotação das suas acções descer, tem que anunciar um plano de reestruturação onde tem de despedir milhares de trabalhadores. A maioria das vezes não despede o número que se anunciou, mas é o número anunciado que mostra a seriedade da reestruturação.
Quando os países atravessam dificuldades financeiras, como está a acontecer agora connosco, o equivalente à mise-en-scene acima é o rigor das medidas de austeridade, expresso em indicadores económicos deprimentes – contracções da economia, aumento das taxas de desemprego – complementado – é desejável – com imagens televisivas de perturbações sociais. Lembremos o caso grego, cuja economia se contraiu 4,5% em 2010. Só que no nosso caso, parece que José Sócrates e o seu governo não gostarão de fazer más figuras...
Será talvez por isso que continuamos a ouvir boas notícias a respeito da prestação económica de Portugal – como as exportações subiram 15% em 2010 ou como as receitas fiscais subiram 15% no passado mês de Janeiro – enquanto os organismos encarregues do crédito público travam batalhas quotidianas pela contenção das taxas de juro a que ele está a ser conseguido. Será que a condução da mensagem governamental, pensada em função da audiência doméstica, não estará a tornar-se financeiramente perniciosa para o Estado?
O anúncio hoje feito, no estilo mais suave possível de discordância com a mensagem oficial, pelo Governador do Banco de Portugal na sua entrevista ao Diário Económico parece indicar que ele pensará assim. Por exemplo, que é contraproducente destacar o crescimento das receitas fiscais em Janeiro para depois se ficar à espera há mais de uma semana dos resultados da execução orçamental – aquilo que é verdadeiramente importante… Prova da importância das declarações de Carlos Costa é que alguém já foi mobilizado para as desmentir.
O processo da formação de preços nos mercados internacionais desenvolveu certas regras que, por muito absurdas que sejam, há que respeitar. Por exemplo, e creio que já usei aqui esse exemplo, quando uma empresa multinacional atravessa um período difícil e vê a cotação das suas acções descer, tem que anunciar um plano de reestruturação onde tem de despedir milhares de trabalhadores. A maioria das vezes não despede o número que se anunciou, mas é o número anunciado que mostra a seriedade da reestruturação.
Quando os países atravessam dificuldades financeiras, como está a acontecer agora connosco, o equivalente à mise-en-scene acima é o rigor das medidas de austeridade, expresso em indicadores económicos deprimentes – contracções da economia, aumento das taxas de desemprego – complementado – é desejável – com imagens televisivas de perturbações sociais. Lembremos o caso grego, cuja economia se contraiu 4,5% em 2010. Só que no nosso caso, parece que José Sócrates e o seu governo não gostarão de fazer más figuras...
Será talvez por isso que continuamos a ouvir boas notícias a respeito da prestação económica de Portugal – como as exportações subiram 15% em 2010 ou como as receitas fiscais subiram 15% no passado mês de Janeiro – enquanto os organismos encarregues do crédito público travam batalhas quotidianas pela contenção das taxas de juro a que ele está a ser conseguido. Será que a condução da mensagem governamental, pensada em função da audiência doméstica, não estará a tornar-se financeiramente perniciosa para o Estado?
O anúncio hoje feito, no estilo mais suave possível de discordância com a mensagem oficial, pelo Governador do Banco de Portugal na sua entrevista ao Diário Económico parece indicar que ele pensará assim. Por exemplo, que é contraproducente destacar o crescimento das receitas fiscais em Janeiro para depois se ficar à espera há mais de uma semana dos resultados da execução orçamental – aquilo que é verdadeiramente importante… Prova da importância das declarações de Carlos Costa é que alguém já foi mobilizado para as desmentir.
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