04 fevereiro 2011

YELTSIN, O DANÇARINO


Estava-se em 1996, a União Soviética desaparecera, a Rússia adoptara o estilo ocidental de propaganda política e de cobertura noticiosa e a televisão acompanhava a campanha para a reeleição de Boris Yeltsin como Presidente. Há por isso imagens de televisão de um famoso comício concerto que teve lugar a 10 de Junho, na cidade de Rostov do Don, quando o candidato desatou inopinadamente a dançar a meio do concerto (acima). Yeltsin era useiro e vezeiro em incidentes semelhantes, muitas vezes atribuídos ao excesso de bebida, mas naquele caso a sua dança abrutalhada tinha o objectivo político de o mostrar em boa forma física, apesar de todos os rumores que circulavam acerca da sua saúde.

Mas este é dos casos em que se torna evidente como uma fotografia é única para captar a singularidade de um momento. Qualquer das duas fotografias deste poste – a de baixo ganhou o Prémio Pulitzer ­de Fotografia em 1997 – captam o que escapa às imagens iniciais: Boris Yeltsin gesticulante e perigoso para a vizinhança, agitando os braços com os cotovelos levantados e os punhos cerrados e o contraste com a graciosidade profissional, irónica mas também cúmplice das dançarinas… Yeltsin venceu as eleições, não só pelo que dançou, mas sobretudo por várias medidas populistas que promulgou, como aquela que multiplicou por mil o valor das poupanças dos octogenários russos…

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