Graças ao Expresso, deparamo-nos em Portugal pela primeira vez com as consequências práticas da acção da Wikileaks. Como aconteceu com outros casos no estrangeiro (veja-se, por exemplo, este caso no Brasil), a fuga incide em comunicações sobre assuntos de Segurança e Defesa, assuntos que normalmente nunca andam nas primeiras páginas da atenção mediática mas a que, pelos vistos, os membros da diplomacia norte-americana dedicam uma substancial parte do seu tempo…
Que não impera a meritocracia nas ascensões nas carreiras dos oficiais das Forças Armadas? Se imperasse, seria uma excepção entre as grandes instituições nacionais... Que, como Ministro, Nuno Severiano Teixeira foi um totó? A responsabilidade foi de quem o nomeou para aquele cargo. Que a aquisição dos submarinos foi feita por questões de orgulho? Em matéria de opinião, há quem a tenha pior, que a causa última da decisão foi a necessidade do então Ministro Paulo Portas financiar o seu partido…
Aliás, como se vê acima, quando se tratou de aparecer na fotografia, os submarinos até deram origem a alguns paradoxos¹… Em contrapartida, o embaixador, por ignorância, comenta sem conhecer o sistema de armamento dos submarinos portugueses e, por parcialidade, diz outro disparate enorme quando critica a opção portuguesa pelas fragatas holandesas da classe Karel Doorman em detrimento das americanas da classe Oliver Hazard Perry - estas eram impingidas (e rejeitadas…) pelo Mundo fora…
Finalmente, e com a mesma frontalidade como estão a ser expostas, vale a pena recordar que o autor de todas estas opiniões, Thomas F. Stephenson (acima), foi um Embaixador político – e não de carreira – que terá sido nomeado para este cargo secundário em Lisboa como forma de agradecimento da Administração Bush pela sua contribuição financeira para as suas eleições. É sabendo isso que se torna um pouco inconsequente lê-lo criticando Rui Machete pela sua gestão dos favores políticos…O que não é a mesma coisa que afirmar que ele não tinha razão…
¹ A fotografia foi tirada no dia do baptismo na Alemanha do Submarino Arpão onde se vê o Almirante Melo Gomes, então Chefe de Estado-Maior da Armada, ao lado de Maria de Jesus Barroso Soares, a madrinha da embarcação. São conhecidas as relações não muito cordiais entre a madrinha do submarino e o padrinho da encomenda dos submarinos, Paulo Portas.
Uma das melhores maneiras de espalhar uma notícia, mesmo que não seja importante, é dizê-la em segredo. Alguém lhe dará importância.
ResponderEliminarEmbora aqui não haja analogia, lembro-me do Lótus Azul, p. 22.
Se acertei com a prancha do Lótus Azul do Tintin a que se refere concordo consigo que a analogia, a existir, é muito forçada.
ResponderEliminarAqui, uma opinião sincera, porque obtida de forma indiscreta, torna-se mediaticamente importante por isso. No caso que cita (mais uma vez, se acertei com a prancha...), um episódio trivial é mediaticamente empolado para que dali se crie um "casus belli".