
Tendo começado pelas novelas de terror, que eram a moda literária quando se iniciou na escrita no princípio da década de 1850, os livros de Ponson du Terrail evoluíram posteriormente para um estilo seu, muito próprio, fantasista, com um enredo repleto de peripécias. Mas, para alcançar o ritmo de produção desejado, Ponson du Terrail nem chegava a rever o que escrevera. Há frases retiradas de livros seus que se vieram a tornar clássicos: …as suas mãos estavam tão frias como as de uma serpente… ou então Com uma mão levantou o punhal enquanto com a outra lhe disse…
Mas, mesmo a imaginação delirante do visconde não conseguia acompanhar o ritmo da produção que lhe era exigido, e personagens que tinham morrido nos episódios iniciais da saga acabavam por vir a reaparecer quase idênticas uma ou duas dúzias de episódios mais adiante. Para controlar esses erros de ressurreição, Ponson du Terrail recorreu a um expediente tão imaginativo quanto ele: mandou fazer uns bonecos de cartão com as indumentárias correspondentes à descrição que fizera das personagens e adicionando-lhes em baixo uma etiqueta com o nome que lhes dera…

Hoje, embora ainda se empregue o adjectivo rocambolesco, praticamente ninguém terá ouvido falar de Ponson du Terrail, nem da sua obra, nem do enorme sucesso de popularidade de que gozou durante as duas décadas do Segundo Império francês. Num certo sentido, as aventuras que criou são um reflexo dos acontecimentos, também muitas vezes rocambolescos, da própria sociedade francesa sob o Segundo Império de Napoleão III. E quando olho para as capas dos livros dos nossos best sellers actuais, também me pergunto que imagem da nossa sociedade actual estaremos a transmitir para o futuro…
Extraordinário. Este blogue é melhor que uma enciclopédia.
ResponderEliminarUma verdadeira delícia de poste.
ResponderEliminarQue pena ter faltado a capa do "eu Carolina" para completar um quarteto e demonstrar que, além de se enroscarem e falar, as mãos também têm neurónios.
Já tinha ouvido falar de Rocambole, e sabia que era o inspirador do adjecitvo, mas quando vi o nome do escritor pensei que fosse um qualquer engenheiro de contruções metálicas que na altura pululavam em França.
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarJRD, a minha selecção dos livros foi orientada pelo critério de escolher apenas aqueles livros em que não haja dúvidas que o nome que consta da capa é o mesmo que o escreveu, o que não é o caso do de Carolina Salgado...
ResponderEliminarDa reputada Escola Nacional das Pontes e Calçadas, João Pedro? Só um :), Maria do Sol? Devia ler Rocambole: o enredo é como um Dallas da Paris elegante... ;)
Não sei não. Não gostava de ver a série Dallas. Vi muito pouco ...
ResponderEliminar:)
... também Dallas não era, nunca foi, uma cidade elegante!
ResponderEliminar;)
Já Paris.. oh la la
ResponderEliminar:)))