Já aqui mencionei que moro na proximidade de uma escola secundária da periferia de Lisboa. A tal escola onde também se registam incidentes de despotismo nas instalações escolares, que também seria merecedora de uma manifestação de mães preocupadas à sua porta, para a organização da qual
eu desafiei oportunamente a deputada bloquista Ana Drago, especialista na organização desse tipo de eventos televisionados, desafio para o qual ainda hoje, mês e meio depois, estou à espera de uma resposta…

Do que eu quero aqui agora falar também se passa à porta do referido estabelecimento de ensino mas é de um cariz diferente: trata-se de uma extensa fila composta por alunos, funcionários e professores da escola que, com a regularidade dos intervalos, vem para o passeio frontal, junto aos muros da escola, fumar o seu cigarro, enquanto conversam amenamente… No interior é proibido e nestes dias em que escrevo faz frio e a afluência diminui, mas certamente que haverá aqueles incondicionais que estão lá sempre…
O que me impressiona, e será provavelmente fruto da
esquizofrenia dos tempos que vivemos, é como o aparelho escolar em geral e aquela escola em particular, conseguem fazer conviver alegremente aquele discurso em
eduquês repleto de chavões –
a necessitar de explicações sobre o seu significado… – sobre o
ensino integrado ou o
ensino inclusivo, com esta incapacidade de
integrar e
incluir, no espaço dos vários hectares de que aquela escola dispõe, uma minoria dos seus membros… que são fumadores.

Para além das causas
fracturantes da supracitada deputada Ana Drago, também se torna impossível levar a sério a racionalidade da decisão de
expulsar os seus das suas instalações por causa do… fumo. Comparado com realidades como as dos
cursos tecnológicos mais acessíveis e propostas para que haja aulas
ministradas em crioulo cabo-verdiano, que sentido fará justificar aquele ostracismo com o tradicional comentário
sempre podem deixar de fumar? Os
tecnológicos não
podem começar a estudar e os outros
a aprender português?
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