![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_YGuOvSVOc-e9EiX02wwvCtiSQ55I9BkYjm9hJ2oLLZzuSCg3zjBZGM0_m9k0KkGJ9038kJpC1_f1mEMYFgVu5kcK8pjN_4RbpK-U7tPEapIJ-FnSfyC5eG2k2P71qranDcJS/s400/NobelTimor.jpg)
A fotografia tirada em 1996 aos dois premiados com o
Prémio Nobel da Paz desse ano, os timorenses
José Manuel Ramos Horta (à esquerda) e
Carlos Filipe Ximenes Belo pode ser usada como uma boa base de partida para explicar como os apelidos portugueses se espalharam pelo Mundo. No caso de Ramos-Horta temos o exemplo da miscigenação, já que o seu pai era de origem portuguesa (tinha sido desterrado para Timor) e a sua mãe era de origem timorense. No caso do bispo Ximenes Belo, parece ser um caso de aculturação, em que alguns dos seus antepassados adoptaram nomes portugueses.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYUt7xGZMZct0qZYcG8cUmsKirSfQay2HwjksQZPfcyHvb9YHgCeaN9VunEb074EuUeCCLUVLn03MWrLnG-CcsCBK5tyVL9ghaZZGvdMLLmF8VNJzfcLPO4-TIY1enT1bNnwap/s400/AfonsodeAlbuquerque.jpg)
Neste segundo caso, e datando a presença dos portugueses na Ásia do longínquo Século XVI, nunca se pode excluir que tenha existido algum antepassado de origem europeia que tivesse sido o responsável pelo estabelecimento do nome que a família adoptou. Contudo, dada a pequena dimensão demográfica de Portugal, é improvável que isso seja muito frequente, tendo em atenção a profusão de apelidos portugueses registados em algumas regiões asiáticas: havia uma história
(*) que dizia que havia mais páginas com
Silvas nas listas telefónicas de
Colombo, capital do
Sri Lanka, do que nas de Lisboa…
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9-77hJy_ycz3-YzEspxNTdKcRpZcX9dPgUiAwPOUXXdmtO7LBDa6-JUfqP_42Ym-9OF0v3P8syMjgy2Hbqh1vBTKJuPm2Wt15QHcVtn5G04HmaxwtFql6tGnIrHfunYLyX9K-/s400/Goa1.jpg)
Mas não há região asiática onde esse fenómeno seja mais complexo do que na Índia. Ali conjuga-se a presença dos portugueses por um período de mais de 450 anos com os seus esforços (pelo menos iniciais) de evangelização e a propensão tipicamente indiana para compartimentar a sociedade em estratos – as castas. Em Goa (acima), por exemplo, nunca houve possibilidade de confusão entre os
descendentes, que, como o nome indica, reclamavam a ancestralidade de um longínquo antepassado português, com os restantes cristãos, que muito provavelmente haviam adquirido os apelidos portugueses aquando do baptismo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit3zrktUQ_PkDAi7noPzffBIkjPk4WCoQkqe3SjkGxIfYwo7Y2y2LRfKotpjeDFuAtVjRodYxjTpmetQdZA3ZE0gSWQ-WIGthXjrbPfo2JEN_MzRjoammmAxOrWtJN5DXp01q4/s400/Emigra%C3%A7%C3%A3oCat%C3%B3licosManagaloreanos.jpg)
Por outro lado, há que contar que uma coisa é a religião que se professa, outra são as fidelidades políticas. Houve muitos
católicos goeses que, por pressão da
Inquisição e por
razões políticas abandonaram as regiões sob soberania portuguesa, vindo a estabelecer-se noutros locais (acima). A maior concentração situava-se junto à cidade indiana de
Mangalore o que lhes fez ganhar a designação de
católicos mangaloreanos. Muitos deles vieram a emigrar dali depois para
Bombaim. Enquanto isso, a partir do Século XIX, a ascensão das elites goesas passou a estar aberto às das outras confissões religiosas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj539KG8GhrzJEGkcbf_mjqUbbHBnPVJOg6TLUmdgLSb5yn7eNc1pM4HiqwLO7OTJks318-d-9VZKMak9fPGEAZOQdSnvDeYAia20NZOOttCKTV3sb1mscx1Cv2RzM8LgZq7jtS/s400/Coissor%C3%B3Fernandes.JPG)
É assim que actualmente podemos apreciar a situação, algo paradoxal, da coexistência de um político de destaque em Portugal de confissão hindu e de nome
Narana Coissoró (acima, à esquerda), com a de um político de destaque na Índia de confissão católica que se chama
George Fernandes (à direita). Mas a personalidade indiana de apelido português mais popular do momento deverá ser a nova
coqueluche cinematográfica
Freida Pinto (abaixo). Como acontece com George Fernandes, a família de Freida Pinto também é de ascendência mangaloreana, embora a própria Freida já tenha nascido em Bombaim.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAkMCZcVXAFAm1_bzbmsJn85MRZu-cpvCyGAD3na5dONrk0GxhHdhIJQ7_L7w9sWQ-2aDxO-O6y9Nr6IZ0R_Pt2gkM4UFffewmT8nfxc7kMJln5OQ3Hg12XCiWAa32FqbfEHjO/s400/FreidaPinto1.JPG)
Mesmo em cidades cosmopolitas, a comunidade parece permanecer endogâmica: o noivo de Freida, com quem ela recentemente rompeu (em Janeiro), chamava-se Rohan Antao (Antão). Como acontece com Fernandes, que começou a sua carreira política como sindicalista de esquerda, também com Freida Pinto a religião servir-lhe-á mais como referência identitária do que como elemento de prática social. É evidente que nenhum deles sabe uma palavra de português, mas basta olhar para a fotografia acima, para
se ficar orgulhoso da centenária presença portuguesa na Índia, mesmo sem necessidade de ouvir a actriz…
(*) – Nunca tive uma lista telefónica cingalesa à mão para comparar. Mas a lista deve estar, de facto, cheia de apelidos portugueses e de corrupções deles facilmente identificáveis: Silva, Perera (Pereira), Zoysa (Sousa), Peiris (Peres), Mendis (Mendes), Fonseka (Fonseca), De Mel (de Melo), Corea (Correia), etc.
Tantos foram os espermatozóides lusos que mandámos para aquelas bandas.
ResponderEliminareheheheh (para o comentário oportuno e contextualizado do jrd).
ResponderEliminarA Freida é realmente muito bonita! Orgulhemo-nos, pois!
[Já agora, e reforçando o comentário do jrd, também do filme S. Millionaire, o actor que representa o papel de Salim adolescente (o do meio) chama-se Ashutosh Lobo Gajiwala]
Ainda não ia a meio do post e já apostava que Freida Pinto iria inevitavelmente (e felizmente!)aparecer. Ainda há pouco tempo fiz referência às origens lusas da menina.
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