11 abril 2009

AS MINI-SAIAS E OS HORÁRIOS ILEGAIS

Torna-se até engraçado olhar com olhos de ver uma banal página interior de um jornal como o Público para se aferir como se trata a informação nos dias que correm. A página que escolhi é impar e logo das do início (p. 7 - clicar para ampliar), portanto mais apetecível que as pares de meio do jornal e, por isso, não surpreende que ela esteja ocupada em metade do espaço com um anúncio a um seminário a promover pela Universidade Nova de Lisboa...

Mas concentremo-nos no resto, no tratamento informativo dado às duas notícias daquela página: de um lado, as directivas emanadas por quem dirige a Agência de Modernização Administrativa, inaugurada recentemente em Faro por José Sócrates, proibindo o uso de saias curtas e decotes; do outro, as acções desencadeadas pela ASAE que obrigaram ao encerramento ontem de 12 grandes superfícies que se encontravam ilegalmente abertas.

Obviamente que a preferência do editor foi para a notícia das mini-saias e dos decotes, a quem são concedidos 80% do espaço disponível, ajudados por uma esclarecedora fotografia de uma fila de pernas femininas jovens, cuja relação com a directiva caricata é evidente. Para além disso, escuta-se a opinião de um sindicalista da União dos Sindicatos do Algarve que se torna apenas em mais uma voz a fazer coro com a opinião óbvia sobre a directiva…

Foi pena que os 20% de espaço dedicados aos encerramentos da ASAE não tivessem permitido ouvir ninguém… Nem no Intermarché, nem na Makro, cujos estabelecimentos foram encerrados por estarem abertos ilegalmente num feriado, nem a opinião do sindicalista, neste caso entalado entre a defesa da legalidade laboral e a impopularidade dessa defesa por causa dos trabalhadores interessados em receber as horas extraordinárias…

Poderá haver quem, maldosamente, considere que esta discrepância de critérios informativos se deva ao facto dos dirigentes da Agência de Modernização Administrativa de Faro, porque a Agência foi inaugurada recentemente por José Sócrates, se tornaram num alvo político, enquanto que organizações como a Makro, o Intermarché ou a Moviflor, mesmo quando apanhados em flagrante delito, podendo ser condenáveis, não são alvos políticos…
Além de outras mentes maldosas que, claro, consideram que é jornalisticamente proibido elogiar quaisquer acções da ASAE

3 comentários:

  1. Eu, por mim, também prefiro as pernas. Apenas por uma questão estética, claro. Então se fossem musculosas e moderadamente peludas...

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  2. Isso é o que se chama uma Donagata assanhada...

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  3. Moderadamente. Apenas falámos de pernas...

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