O
Bloco de Esquerda lançou recentemente mais uma campanha acompanhada de um cartaz. O lema é
A todos o que é de todos, e nela
o Bloco e o seu protagonista principal (Francisco Louçã) defendem a nacionalização da
EDP e da
GALP. Independentemente das virtudes dessa proposta, vale a pena atender à forma como Francisco Louçã e a sua organização a lançaram para o debate público e aos argumentos que constam do cartaz que afixaram a publicitá-la. Pelo que consta do cartaz, aquela que me parece ter sido eleita como o
aspecto chave da questão terão sido os 1.500 milhões de euros de lucros que as duas empresas geraram de forma indevida no ano passado. De forma indevida, porque a
EDP porque aumentou o tarifário bem acima da inflação e porque a
GALP se atrasou a reflectir a baixa do custo do petróleo no preço dos combustíveis.

Além desta espécie de apelo emocional a uma espécie de
justicialismo, em que se parece deduzir daquele raciocínio que as empresas deverão ser renacionalizadas para as impedir de nos roubar, o resto do discurso de Louçã junta ainda algumas imprecisões a mais uns truísmos. No primeiro caso afirma que
os recursos fundamentais são de todos e devem ser nacionalizados – ora os recursos da
GALP, por exemplo
, que são as propriedades das jazidas, estão em países estrangeiros e estão é à mercê que os
Louçãs locais achem também que eles devam ser nacionalizados… No segundo caso, o das evidências, afirma que
numa altura de recessão deve haver uma melhor partilha de recursos para todos que precisam. Ora suponho que esta última afirmação seja uma platitude, trata-se de um daqueles objectivos evidentes e até independentes do ciclo económico em que se esteja…

O que o cartaz não menciona, e o que não dei por Francisco Louçã se ter referido, foi aos custos financeiros associados à medida proposta pelo
Bloco de Esquerda... Ora Francisco Louçã tem o grau de
Doutor em Economia, e assim suponho que não valha a pena explicar-lhe que, se as privatizações das empresas públicas produziram as famosas
receitas das privatizações, então é natural que as nacionalizações que ele propõe venham a gerar
despesas para indemnizar os accionistas tanto da
GALP como da
EDP. Não vou cometer a injustiça de admitir que o esquecimento da sua existência e do seu montante tenha sido por negligência e esse é o
Calcanhar de Aquiles de Francisco Louçã: quer ser admirado pelo seu brilhantismo intelectual ao mesmo tempo que na propaganda política, como se usasse um interruptor, se dedica ao exercício da demagogia mais básica, insultando a inteligência da audiência…
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