21 novembro 2008

QUANDO A CERIMÓNIA ESCAPA AO PROGRAMADO

No dia 29 de Julho de 1987, o Primeiro-Ministro indiano Rajiv Gandhi e o Presidente cingalês Junius Richard Jayewardene encontraram-se em Colombo, a capital do Sri Lanka (acima), para assinarem um Acordo de Paz que pretendia pôr fim à guerra civil que grassava no país desde 1983 e que opunha as forças governamentais cingalesas aos guerrilheiros tamil que operavam no Norte e no Leste do país, as regiões onde os tamil são maioritários (veja-se o mapa abaixo).
Os dois signatários contavam com fortes oposições ao estabelecimento daquele Acordo de Paz dentro dos seus próprios países. Entre os indianos essa oposição era protagonizada pelo governo estadual de Tamil Nadu, o Estado mais meridional da Índia e o mais aparentado culturalmente com os guerrilheiros e de onde estes estavam a receber o maior apoio logístico. E do lado cingalês, a oposição era sobretudo constituída pelas mais altas patentes das suas forças armadas, que acreditavam poder debelar a revolta.
O que importa para esta história é que no dia seguinte, à despedida, ao passar revista a uma guarda de honra composta por cadetes da marinha do Sri Lanka, a cerimónia veio a tornar-se memorável porque o primeiro-ministro Rajiv Gandhi foi inesperadamente agredido à coronhada por um cadete (acima a sequência de fotos) que curiosamente, e pelo seu nome (Vijayamuni Vijitha Rohana de Silva), ainda é capaz de ter tido algum avoengo partido deste nosso Portugal, no Século XVI ou XVII.
A fotografia acima correu mundo e foi um escândalo sem precedentes, tanto para o anfitrião Jayewardene como para o próprio Sri Lanka, que ainda se tentou disfarçar, pretendendo que Rajiv apenas tropeçara quando estava a passar revista às tropas… A propósito deste incidente, e de um recentemente muito propagandeado desagrado dos militares portugueses, note-se como um só soldado desagradado mais a natural cobertura mediática podem criar um tremendo embaraço protocolar…

Já há muito que se ultrapassou a fase em que os militares promoviam golpes de estado para manifestar o seu desagrado mas continua a não ser tradicional que ministros da defesa possam aparecer nas notícias a apanhar com os seus ovos

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